O coronavírus volta a assustar

O hospital de campanha “Anjo Gabriel” funciona atualmente com limite máximo de ocupação dos leitos de UTI e restam poucas vagas no setor de enfermaria. Parece mesmo que a tentativa foi frustrada de aos poucos ir voltando a vida normal: aquela de frequentar bares, restaurantes, sair com os amigos e visitar os parentes. Enfim, o que qualquer cidadão comum faria até o início do mês de março último, e mesmo sabendo do caos em países da Europa, os brasileiros agiram como se nada estivesse acontecendo.

A tal “gripinha” chegou mudando a vida e o comportamento de todos, indistintamente. Anônimos e famosos tendo ceifadas suas vidas e a gente se acostumando pouco a pouco a higienizar as mãos e usar máscaras. Passado o período eleitoral, hoje é muito provável que tenhamos mais máscaras que cuecas em nossas gavetas e segundo decreto do Governador Dória, retornamos a faixa amarela. As restrições nesse sentido ainda serão pequenas, mas acende um alerta preocupante, principalmente para o comércio.

Em Mairiporã, infelizmente até o prefeito Aiacyda e o prefeito eleito Aladim adoeceram pela COVID-19 e seguem se recuperando às vésperas da troca de governo. A herança daquele prédio que ficou fechado por mais de três anos e que hoje é o hospital de campanha, é a única esperança do mairiporanense, que se não fosse esse fato, teria que recorrer a outras cidades para se tratar da doença causada por um dos maiores males que a população mundial já viu.

Fica o alerta para o novo governo, quanto ao tamanho da responsabilidade e do quanto é preciso dar prioridade à Saúde em Mairiporã. Enquanto no município se espalhou asfalto pago a preço de ouro e empréstimos e metros e metros cúbicos de concreto foram esparramados eleitoralmente, certamente não se imaginava que chegaríamos a esse ponto de calamidade. Mais do que pensar em como se perpetuar no poder, era preciso ter refletido sobre o dever primordial do poder público, que é garantir que os impostos retornem ao cidadão na forma de benefícios ao bem comum e com planejamento e responsabilidade.

As urnas castigaram essa política em relação ao Poder Executivo. No Poder Legislativo ainda restam os personagens dessa triste novela da troca de favores que muita gente gosta. Prefere pisar no asfalto esburacado e ficar feliz por seu próprio nariz do que pensar que na hora do aperto, pode faltar uma cama onde deitar com dignidade um ente querido no momento da dificuldade.

Saúde é coisa séria. Sem ela o restante não existe. Serve para eleitos e não eleitos. A política passa e moramos aqui na expectativa de um Natal com distanciamento e na esperança de que a vacina chegue em breve e nos devolva a proximidade do toque, inerente ao povo latino e principalmente ao povo brasileiro.

 

Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb