O Brasil e as terras raras

As chamadas terras raras, que de raras têm pouco, são um grupo de minerais fundamentais para a tecnologia moderna. Elas estão presentes em quase tudo que usamos: celulares, computadores, carros elétricos, turbinas de energia eólica, satélites e até sistemas de defesa. São os minérios que silenciosamente sustentam a vida tecnológica do século XXI. Sem eles, o mundo daria um passo atrás em termos de inovação e de transição para fontes de energia mais limpas.
O curioso é que, embora indispensáveis, a extração e o domínio das terras raras se concentram hoje, em grande parte, na China, que detém o controle da cadeia produtiva. Isso cria uma dependência mundial, e naturalmente abre espaço para que outros países que possuem grandes reservas possam se posicionar como protagonistas nesse cenário.
É aqui que o Brasil surge como peça importante nesse tabuleiro global.
Há pouco tempo, caros leitores acabei por estudar esse assunto e descobrir que nosso país é abençoado com uma imensa riqueza mineral, e entre essas riquezas estão justamente as terras raras. Estudos apontam que temos reservas significativas espalhadas em diversas regiões, desde a Amazônia até o sul do país.
A pergunta que fica é: estamos preparados para transformar esse potencial em realidade? Porque riqueza no chão não significa desenvolvimento automático. É preciso estratégia, investimento e, principalmente, visão de futuro.
O Brasil poderia, sim, ser referência mundial na exploração e no fornecimento de terras raras, garantindo um papel de liderança na transição energética e na indústria tecnológica global. Mas isso exige mais do que apenas explorar o solo: exige ciência, pesquisa aplicada, domínio tecnológico e políticas públicas que enxerguem além dos ciclos curtos da política tradicional.
É um desafio que pede responsabilidade, para não repetirmos erros de simplesmente exportar matéria-prima sem agregar valor.
Se conseguirmos dar esse passo, não será apenas uma questão de ganho econômico. Será um reposicionamento do Brasil no mundo, mostrando que podemos ser mais do que fornecedores de commodities agrícolas ou minerais brutos. Estaríamos diante da chance de sermos protagonistas de uma revolução tecnológica limpa, sustentável e estratégica. Poucos países têm essa oportunidade, e o nosso está diante dos nossos olhos, pedindo apenas coragem e inteligência para ser aproveitado.
Estive pela segunda vez na região nordeste e cada lugar que conheço me deixa ainda mais impressionado e apaixonado pelo nosso Brasil. Vejo o quanto o país inteiro é assim: cheio de tesouros escondidos sob a terra, esperando pela mão sábia que saiba colher sem destruir.
As terras raras são um desses tesouros. Se soubermos cuidar, explorar com responsabilidade e pensar grande, talvez possamos escrever um novo capítulo da nossa história. Um capítulo onde o Brasil deixa de ser apenas promessa e passa a ser realização. Chega desse negócio de Brasil, o país do futuro. Ouvia isso nas canções de Renato Russo e não gosto de quem pensa que esse futuro nunca chega. A hora é agora e quem sabe, faz acontecer!

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”