Nome

Quem me conhece sabe muito bem o quanto minha mente é agitada. É um misto de curiosidade insaciável com sede de conhecimento – o que, por vezes, me ajuda, sobretudo na vida acadêmica e profissional, mas, em outras, causa algum cansaço e desconforto. Mas volvendo ao motivo da agitação que ora escolhi compartilhar aqui, me peguei pesquisando o significado dos nomes. Sim caros leitores, um pensamento intrusivo invadiu meu espaço mental e me levou para um lugar chamado “dicionário dos nomes próprios”. Não sei por que eu e as vozes da minha cabeça seguimos esta trilha maluca, mas o fato é que me peguei refletindo o que é o nome na nossa existência.
Tenho para mim que nomes são como sementes, carregam histórias, intenções, desejos. Quase sempre chegam antes de nós, e, ainda assim, passam a vida inteira nos acompanhando. E a gente passa o resto da vida tentando caber dentro dele – ou, quem sabe, alargá-lo até que ele caiba em nós. E é curioso que mesmo que outros tenham o mesmo nome, ninguém o carrega igual. Um nome é mais do que um som.
É uma primeira tentativa de dizer ao mundo “esta pessoa existe”. Ele nos identifica, nos separa, nos chama. Mas também nos liga ao passado de quem escolheu, ao afeto de quem pronuncia, ao mistério de quem ouve e de quem se lembra. Há nomes que pesam, outros que protegem. Alguns são escolhidos por admiração, outros por tradição, alguns por intuição. E há os que simplesmente nascem, como se sempre tivessem existido.
No meu caso foi um “mix de emoções”, como costumo brincar. Diz minha mãe que desde a infância já havia escolhido o nome de sua futura filha, Paola. Ocorre que já adulta, acompanhada de meu pai, viu em uma dessas plaquinhas de decoração o nome “Driele”, pelo qual ela se apaixonou imediatamente. Já a grafia diferente ficou por conta do meu pai, o qual seguiu para o registro sem a presença de minha mãe, que aguardava comigo no carro, ante a recente cesariana que havia feito.
Então, sem a devida supervisão e de forma diversa da combinada com minha mãe, meu pai achou mais bonito colocar logo dois “L” e um “I” no final do nome – ao menos, para alívio familiar não foi escrito com “Y” também. Assim, meu nome ficou Drielli Paola.
Quando fui alfabetizada, não gostava do meu nome e tinha um pouco de dificuldade com a grafia. Mas superada essa fase, passei a gostar dele e há tempos, quando tratei de buscar seu significado, comecei então a amá-lo. Pela origem hebraica, Drielli pode significar “Deus me ajuda” ou “Meu auxílio é Deus”. E acho que isso tem bem representado a minha vida como um todo. Meu nome ecoa, de fato, aquilo que está dentro de mim.
E você, caro leitor, já se perguntou o que o seu nome significa? Ou melhor, o que ele diz sobre você? Não só na origem, mas na alma, na vida, no ser e existir.
Há quem renasça ao mudar de nome. E há quem encontre sentido ao voltar para ele. O importante é lembrar que nenhum nome é só um rótulo. Um nome não basta para explicar o que somos, mas acho que é bom ponto de partida.
E eu prefiro viver assim, sei que sou mais feliz desta forma… percebendo que nome é morada, às vezes apertada, às vezes espaçosa, mas sempre nossa, se escolhermos habitá-la com verdade. E a você, caro leitor, desejo que habite seu nome com sentido e verdade também.

Drielli Paola – @drielli_paola. Servidora Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo. Bacharel em Direito, com pós-graduação e extensões universitárias na área jurídica. Entusiasta de psicologia, história, espiritualidade e causa animal. Apaixonada pela escrita.