A consolidação de um ambiente favorável à recuperação do crescimento do Brasil, que tornaria menos custosa a inevitável busca do equilíbrio fiscal, tem sido fortemente prejudicada por alguns eventos. Primeiro, pela insensatez da violência que tem predominado em algumas das legítimas (e respeitáveis) manifestações públicas dos cidadãos. Vândalos não entendem que elas só são possíveis exatamente porque eles são livres!
Segundo, pela histeria irracional que nasce, voluptuosa, do movimento “nós ou eles”, que nega a aceitação das regras do jogo e, portanto, não tem como terminar bem.
Terceiro, pelo irrefletido movimento de pequenas, sórdidas e anônimas intrigas que sempre infestam os palácios e que, agora, propagam dúvidas do presidente sobre a política econômica comandada pelo seu ministro da Fazenda. O velho e sábio Bismarck já dizia, no século 19, que não há nada pior para a reputação de um ministro do que levar seu chefe a ter que reafirmar “que ele é de sua absoluta confiança”…
O Brasil precisa introjetar e conformar-se com o fato de que foi levado à falência por uma política econômica voluntarista executada a partir de 2012. A “tempestade perfeita” que estamos vivendo não é obra de improviso. Foi cuidadosamente gestada e magnificamente terminada no dramático esforço para a reeleição de 2014. O retrato mais cruel desse terremoto é a situação da indústria nacional.
O seu PIB físico patina há sete anos (desde o 3º trimestre de 2009), com surtos espasmódicos de voo curto. Nos últimos doze meses, desde outubro de 2016, a produção industrial caiu 8,4%, puxada pela redução da produção dos bens de consumo duráveis (19,2%) e, o que é mais preocupante, pela queda (17,4%) da produção de bens de capital!
A indústria opera hoje com uma capacidade ociosa imensa. Em setores críticos como o do aço, por exemplo, em torno de 40%, sem que a sociedade sinta angústia e disposição efetiva do governo de enfrentá-la. Talvez porque ainda acredite na lenda urbana da baixa produtividade da indústria no chão da fábrica, contada por alguns “econocientistas”. Da porteira da fábrica para o mundo, o “Doing Business” de 2017, do Banco Mundial, conta a verdadeira história! E ela fala, principalmente, contra os governos passados!
Desde o início do governo Temer, devido à recessão e à firmeza do Banco Central, a expectativa de inflação tem cedido. O problema é que o desconforto com o equilíbrio fiscal impôs um excesso de cuidado com a política monetária. Isso elevou a taxa real de juros e valorizou o dólar, desestimulando ainda mais o investimento e as exportações industriais, vetores disponíveis (além das concessões) para estimular a retomada do crescimento.
Fonte: uol