É lendo que também se aprende. Recentemente li um editorial publicado por este jornal, alertando o prefeito eleito sobre a necessidade de não dissociar o político do gestor, ao assumir o cargo. Ou seja, ir no sentido oposto ao percorrido por seu antecessor, que privilegiou apenas o ‘ser político’, e o resultado foi o que todos vimos no dia 15 de novembro. Os especialistas lembram que se não houver equilíbrio nessas duas vertentes, dificilmente um governante chega a alcançar bons resultados.
Neste momento, no entanto, em se tratando de Mairiporã, com problemas de caixa, orçamento pequeno e uma série de outros problemas, como uma dívida herdada de R$ 18 milhões, segundo informações até aqui oficiosas, cabe ao prefeito dar mais atenção ao gestor, que se impõe não só para cortar os gastos públicos, mas igualmente buscar recursos em outras esferas que ajudem no equilíbrio das finanças.
A primeira ação nesse sentido foi positiva, ao postergar para 2022 a entrada em vigor do Plano de Cargos, Carreiras e Salários do funcionalismo municipal. Medida que se impunha, não só pelo acordo com o Governo Federal, de não criar cargos nem aumentar salários, com a contrapartida de auxílio financeiro aos cofres da Prefeitura em 2020, mas para resguardar a administração neste seu início, prejudicado pela segunda onda da pandemia do novo coronavírus.
Aliado a isso tudo, somam-se outros fatores, de outras esferas, como a economia global e a inexistência da aprovação de reformas, potencializadas pela Covid-19.
O prefeito Aladim parece, pelo menos em sua caminhada inicial, prezar o bom senso e se cercar de opiniões abalizadas para enfrentar os problemas que se lhe apresentam, em especial nas finanças municipais.
Por ora, pode perfeitamente priorizar a gestão e deixar a política para um momento mais propício.
Sempre é preciso lembrar de um antigo dito popular, mais atual do que nunca: “Dinheiro não aceita desaforo”.
Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988
