Mergulhar no passado nos traz lembranças guardadas pelo coração e, neste artigo, a minha trajetória profissional. Quando decidi ser professor escolhi a licenciatura de Matemática, não porque na formação básica tinha bons desempenhos, mas pelos desafios que essa disciplina apresentava, por exemplo, alunos com bloqueio de aprendizado. Fiz estágio na ‘Escola Experimental da Lapa’ – E.E. Dr. Edmundo de Carvalho, uma escola inovadora em muitos sentidos. Nos anos 1970 as experiências da escola passaram a ser compartilhadas com toda a rede pública estadual paulista.
Fui convidado pela direção para lecionar na escola, foi o início de minha trajetória na educação pública. Naquele ano fui escolhido pelos alunos concluintes no ensino fundamental para ser o paraninfo na formatura da turma. A escola tinha reunião pedagógica coletiva com todos os profissionais da educação no primeiro sábado do mês e durante a semana uma reunião pedagógica coletiva com os docentes do período por 2 horas, isso nos anos 1970. No governo do Franco Montoro (1983-1988) a rede escolar no Estado de São Paulo adotou a implementação a formação contínua dentro da carga horária semanal. Naquele período o horário de trabalho pedagógico na carga de trabalho dos docentes estava inserido em um movimento nacional de busca pela melhoria da qualidade do ensino público e chama a atenção “para o fato de que os HTPC (só começaram a ser implementados no Estado de São Paulo”, conforme relata Souza (2013), e já ocorriam na “maioria das escolas do ensino fundamental I que eram parte da rede estadual paulista de ensino. Assim, a origem do HTPC está ligada ao sistema estadual paulista de ensino” e eu o vivenciei nos anos 1970 no ‘Experimental da Lapa’.
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu os princípios que o ensino deveria ser ministrado, entre eles a “valorização dos profissionais da educação escolar” e o artigo 67 da Lei de Diretrizes e base da Educação Nacional de 1996 assegurou “período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho”, inciso V.
No Seminário da USP em 2002 sobre a ‘Experiência da Escola Experimental da Lapa’, José Cerchi Fusari, um dos coordenadores do seminário, anunciou que “o objetivo é olhar essa experiência para descobrir como ela pode contribuir para uma política de democratização do ensino e para a criação de políticas públicas na área de educação”. Fusari, que foi professor e orientador pedagógico e educacional da escola experimental entre 1967 e 1976, a considera de extrema importância na história da educação no estado de São Paulo. Evidentemente, Fusari também mergulhou em sua ‘memória do coração’ tendo o Experimental da Lapa em sua trajetória profissional.
Em minhas ‘memórias no coração’ também carrego a direção da EE Prof.ª Nide Zaim Cardoso (1990-2007); minha passagem como Dirigente Regional de Ensino na DE Caieiras (1995-1996), em especial, por ter sido nomeado após aprovação em concurso público entre os profissionais da educação estadual de nossa região; secretário municipal da Educação (1997-2000) quando implantamos a rede municipal de ensino fundamental – anos iniciais e, para tanto, construímos seis (6) novas escolas e ampliamos outras unidades; minha remoção à EE Prof.ª Hermelina Albuquerque Passarella (2007-2013); novamente secretário da Educação (2017-2019) quando implantamos ações de políticas públicas para a melhoria da qualidade do ensino municipal e atingimos a meta do IDEB 2019 que desde 2009 não era superada.
Enfim, neste sentido sou grato e reconheço que as oportunidades desenharam minha trajetória profissional na educação, em especial em Mairiporã. Me dediquei e procurei fazer o meu melhor nas condições que me foram oferecidas. Vida que segue.
Essio Minozzi Jr. licenciado em Matemática e Pedagogia, Pós-Graduado em Gestão Educacional – UNICAMP e Ciências e Técnicas de Governo – FUNDAP, foi vereador e secretário da Educação de Mairiporã.