Em um momento crucial para o futuro das drogas no Brasil, com o STF debatendo a descriminalização da maconha para uso pessoal e cultivo em pequenas quantidades, é fundamental analisarmos os impactos do uso de substâncias ilícitas, especialmente nas cidades menores.
Embora as estatísticas indiquem um número menor de usuários em comparação com as grandes metrópoles, o vício em drogas nas cidades pequenas pode ter consequências devastadoras. A falsa ideia de um refúgio livre das armadilhas das drogas logo se desfaz quando se observa a fundo as consequências do vício na vida dos indivíduos e da comunidade como um todo.
O usuário fica estigmatizado com uma marca que não se apaga. Nas cidades pequenas, onde todos se conhecem, a privacidade se torna um bem escasso. O vício em drogas, muitas vezes, se torna um espetáculo público, expondo o usuário à humilhação, julgamentos e à exclusão social. Essa marca, carregada por anos, dificulta a conquista de um emprego, a construção de amizades e relacionamentos, isolando a pessoa e aprofundando o problema.
É importante abordarmos o grande risco à saúde, colocando um corpo e uma mente em declínio. As drogas, independentemente do local onde são consumidas, não fazem distinção em seus efeitos nocivos. Os riscos à saúde física e mental são altíssimos, podendo levar a diversas complicações graves, como problemas respiratórios, doenças cardíacas, câncer e outras enfermidades, sem falar na violência já tradicional no meio em que se consome e se compra as substâncias.
Prevenção: a principal arma contra a escuridão. A responsabilidade pela prevenção do uso de drogas recai sobre toda a comunidade, mas o papel dos pais é fundamental.
Comece com assuntos leves do dia a dia, demonstrando interesse genuíno na vida do seu filho, e mostre que você está lá para ouvir. Seja honesto e aberto, compartilhe suas próprias experiências com drogas, ou vícios de maneira geral, como fliperama, por exemplo, e crie um ambiente de confiança mútua. Seja direto e objetivo, explicando os perigos das drogas de forma clara e honesta, sem rodeios, usando sempre exemplos reais e uma linguagem que o seu filho entenda. Fale sobre os riscos à saúde, como dependência, problemas mentais e até mesmo morte. Mostre que as drogas não são uma brincadeira e reforce seu compromisso em ajudá-lo a se manter longe delas.
Nem sempre é fácil identificar se um filho está usando drogas, no entanto, alguns sinais de alerta podem indicar um problema: Mudanças de comportamento: alterações bruscas de humor, isolamento social, queda no rendimento escolar, negligência com as responsabilidades. Aparência física descuidada: desleixo com a higiene pessoal, olheiras profundas, cansaço excessivo. Mentiras e comportamentos evasivos.
Saindo do abismo: a busca pela recuperação. Se você se identifica com um problema de drogas, saiba que você não está sozinho. A recuperação é possível, e existem diversos recursos disponíveis para te ajudar: Grupos de apoio: como o AA (Alcoólicos Anônimos) e o NA (Narcóticos Anônimos) oferecem um ambiente acolhedor e de suporte para pessoas em recuperação. Há também clínicas especializadas que oferecem tratamento profissional para o vício em drogas, com acompanhamento psicológico, psiquiátrico e social.
Um debate crucial: avanços e incertezas. A descriminalização da maconha, embora represente um avanço na legislação sobre drogas no Brasil, gera debates acalorados sobre seus impactos na sociedade.
É importante ponderarmos sobre os benefícios e riscos dessa mudança, ainda incertos em muitos aspectos. Fala-se em redução do crime organizado, pois a descriminalização pode tirar o mercado de maconha das mãos do tráfico, tornando-o menos lucrativo e violento, e também que a descriminalização pode levar a um aumento do consumo de maconha, especialmente entre jovens, agravando os impactos na saúde pública com uma possível normalização do uso de maconha derivada da redução e percepção de riscos entre a população.
É fundamental destacar que a descriminalização não significa a liberação irrestrita da maconha. O debate sobre a regulamentação do uso e a definição dos limites para cultivo e porte pessoal ainda se desenrola. Independentemente da decisão do STF, a discussão sobre drogas exige responsabilidade e informação. No que tange ao indivíduo e sua família, faz-se razoável e obrigatório que tenhamos atenção e juízo.
Fernando Rodrigues, fotógrafo , professor e empresário – @fernandoluzfotografia