Lei? Ora a lei

Recentemente escrevi sobre as longas filas que se formam nas portas das agências bancárias em Mairiporã, como se essa situação fosse a mais normal possível.

E isso acontece, porque as pessoas menos providas de recursos e que não conseguem se valer da tecnologia, acabam como presas fáceis dessa situação desrespeitosa, vexatória mesmo, e que agora se estende às concessionárias de energia elétrica, serviços de água e esgoto e por aí vai.

E nem mesmo os idosos escapam dessa ação deletéria, todos à mercê do sol e da chuva nas calçadas das agências ou próximas delas.

Com o advento da pandemia, a coisa só fez piorar, e as regras adotadas foram ainda mais rígidas, incluindo o distanciamento social, o veto à aglomeração e número diminuto de pessoas do lado de dentro dos bancos. E isso tudo, para receberem irrisórias aposentadorias conquistadas na base do suor por mais de 30 anos.

As denúncias são muitas, este jornal mesmo recebe às dúzias, e nem mesmo as leis municipais que ordenam os atendimentos são respeitadas. Como se diz popularmente, tornaram-se letra morta. Ou seja, lei sem serventia.

E cobrar as gerências, ou mesmo o Banco Central, causa ainda mais revolta, porque a resposta é uma só: ‘usem os canais digitais’.

Não custa lembrar que nenhum serviço prestado pelos bancos à população é gratuito. Longe disso. Tiram o couro da gente. Taxas e mais taxas inclusas nas chamadas cestas de serviços e produtos.

Não causa espanto os dados divulgados recentemente, que em meio à maior crise sanitária da história os quatro maiores bancos (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander) registram, juntos, ganhos de R$ 90,5 bilhões.

Resta concluir que leis não resolvem e são ignoradas e os clientes à mercê da insensibilidade dos banqueiros. E nada, nem ninguém, consegue mudar isso.

 

 

Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988