Nos últimos dias estava refletindo sobre uma frase que ouvi em um documentário. “Eu preciso estar do lado certo da história”, disse a personagem principal do filme – uma cantora de quem gosto muito, aliás. Essa fala ficou na minha cabeça como se representasse algo mais do que as palavras contidas nela. Falei com um amigo e ele disse não gostar muito da expressão. Afinal, a gente nunca sabe qual é o lado certo da história, mesmo quando a gente acha que sabe.
Ironicamente, ele está… certo. Seria de uma extrema prepotência estabelecer que tal lado, opinião ou ponto de vista é o certo e, ainda mais, que o lado, opinião ou ponto de vista oposto, é o errado.
Mesmo assim, a frase ficou dando voltas na minha mente. Como disse, é como se ela representasse mais do que o simples significado do conjunto de palavras. Para quem, por diversas vezes na vida, esbarrou com muros ao se expressar, encontrou monstros internos e externos no simples ato de falar, conseguir colocar para fora o seu lado certo é mais que alívio, é vitória. Ainda que exista quem contrarie não apenas por discordar, mas também por não querer que se fale.
O silêncio é confortável para quem nunca precisou gritar para ser ouvido.
A frase aparece para mim em um momento global em que é preciso se posicionar, não a favor disso ou daquilo, mas contra certo movimento. Esse movimento que, de vez em quando, a humanidade vê renascer. Verdades viram mentiras inventadas, opiniões diferentes viram inimigos a se destruir. Longe de mim dizer qual é o lado certo da história. Mas me parece que ela, a história, já nos disse isso.