Aquele céu de brigadeiro que o presidente Lula esperava encontrar desde o início de seu terceiro mandato, rapidamente se transformou em tempo nublado, sujeito a chuvas e trovoadas. As últimas pesquisas sobre o seu governo mostram números distantes daquilo que é considerado minimamente ideal, assim como a maior parte da classe artística, que o apoiou entusiasticamente durante o processo eleitoral, já manifestou insatisfação. E disse isso publicamente.
Aquele gesto de fazer o ‘L’ em apoio a Lula, para exaltar o mandatário da Nação, agora é instrumento de crítica, associado a fatos e comportamentos negativos.
A grande imprensa panfletária, no entanto, se encarrega de fazer a sua parte e esconde a insatisfação que se instalou em vários segmentos da sociedade, pois o que se enxerga nas entrelinhas é que o presidente não só tem problemas dentro de seu próprio partido, como passa a impressão de estar refém do Congresso Nacional. Em especial, da Câmara dos Deputados.
Quem acompanha o dia a dia da política leu no final de março críticas duras do escritor Paulo Coelho, que chamou o governo de ‘patético’ em seu Twitter e mostrou arrependimento por ter se empenhado na campanha. E assim tem sido desde então.
O ápice da bagunça reinante ocorreu no decorrer da semana passada, quando Lula, de forma imprudente, disse que não será candidato à reeleição. Foi a senha que os petistas precisavam para dar início a um renhido combate interno e tornar figuras de proa do PT em inimigos. Frigideiras gigantes já foram acesas, com bastante óleo, prontas a fritar integrantes do primeiro escalão. Isso levou o presidente da Câmara a se manifestar e pedir a Lula que desmintisse a declaração, pois o que já estava difícil, pode passar à condição de incontrolável.
Inúmeras são as personalidades que enfatizaram decepção com aquilo que o governo petista tem proporcionado, em especial de setores como a economia. As alianças políticas, em especial, são alvo das críticas. Há também quem não aceite acordos com o Centrão na escolha de alguns nomes para ocupar ministérios.
Em particular nessa questão, os críticos lembram ao presidente que ele não está governando o País de 2002, mas de 2023, e que tudo mudou, inclusive a necessidade incondicional de fazer acordos, arranjos e a partir disso tentar um mínimo de governabilidade. Aquele troca-troca condenável, aquele é dando que se recebe que o PT condenou durante toda a sua existência, agora é moeda de troca, como sempre foi, e que se pode chamar de prática anti-Republicana.
Os 100 primeiros dias de Lula, de acordo com a classe empresarial, foram piores do que se imaginava. Esperava algo parecido com o Lula 1, há 20 anos.
Em Brasília, de acordo com a meteorologia, não há um prazo para mudanças climáticas, muito menos céu de brigadeiro.