Inundações e desabamentos

As manchetes quase que diárias veiculadas pelas emissoras de televisão sobre enchentes, alagamentos e desmoronamentos de casas por conta das chuvas é, para as pessoas de bom senso, inclusive autoridades, um alerta de que os problemas podem se agravar sob os efeitos do período chuvoso para os moradores de áreas ribeirinhas e os que tem suas casas construídas em áreas de risco.
Recentemente Mairiporã experimentou sua maior tragédia por conta da chuva, em que 10 pessoas perderam a vida com o desabamento de suas residências.
Moradores ouvidos por este jornal já se mostram preocupados com o que pode advir das chuvas de verão, que começaram antes mesmo da chegada da estação mais quente do ano. Aliado a isso tudo, córregos não desassoreados, com muito lixo, pedras e outros objetos, ajudam nas inundações e alagamentos.
Tal situação revela dois lados sombrios do problema. De um lado, a Prefeitura diz que tem feito o que pode para minimizar o problema, e de outro, os próprios moradores, que espalham sujeira pelo interior dos córregos e rios, tudo isso aliado ao crescimento do mato em quase todos os bairros. A situação não é nova: em duas oportunidades recentes assustou moradores e autoridades e gerou prejuízos de grande monta.
Impedir a construção de casas em áreas invadidas, que acabam por formar loteamentos clandestinos, é tarefa quase impossível de se impedir. A Prefeitura não tem estrutura para coibir essa prática, que vem desde o início dos anos 1980. Mas poderia dar maior atenção às estradas vicinais, motivo constante dos reclamos da população, que em tempos chuvosos não conseguem sair nem entrar em suas casas.
Uma situação constrangedora, que costuma passar ao largo das campanhas eleitorais, como lembram sempre os moradores, aparentemente resignados com as cenas trágicas revividas ano após ano, e com os prejuízos que as águas acabam produzindo, mesmo com todos os cuidados por eles tomados para evitar inundações.
Por tudo isso, o alerta precisa ser ouvido pelas autoridades responsáveis pela limpeza e manutenção dos córregos e ribeirões que atravessam a cidade. Mesmo com a meteorologia apresentando surpresas e antecipando a chegada das chuvas ainda durante a primavera, há tempo suficiente para que a sociedade e a defesa civil se organizem antes da chegada do verão e, com ele, as tragédias anunciadas.

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