O número de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) registrado em Mairiporã somente no mês de maio, que tirou a vida de 4 pessoas, foi surpreendente e acendeu a luz amarela para esse tipo de violência. Em todo o ano passado foram 5 casos, o que eleva ainda mais a gravidade do ocorrido no quinto mês do ano.
Esse fato, por si só, aumenta a sensação de insegurança vivida pela sociedade, que parece endêmica no seio da população.
Os dados divulgados pela Secretaria Estadual da Segurança revelam também outros tipos de crimes que preocupam ainda mais, com as altas verificadas em casos de tentativa de homicídio, lesão corporal culposa por acidente de trânsito e lesão corporal dolosa.
No entanto, nada mais espantoso que o total de casos de estupro, que dobraram comparando os cinco primeiros meses com igual período do ano passado. Do total registrado, 80% têm como vítimas pessoas vulneráveis, ou seja, aquelas que não têm meios para se defender. A prática de estupro em Mairiporã é assustadora e muito pouco se sabe acerca da prisão ou condenação dos responsáveis. A expectativa de que haja um recuo nunca foi tão prioritária.
Os furtos e roubos, na maioria das vezes, também têm crescido e faz com que as cobranças da população às autoridades sejam cada vez mais veementes, porém dificilmente encontram eco.
De todo modo, a insegurança não se restringe aos números de homicídios, estupros ou roubos e furtos; ela está cada vez mais associada à falta de visibilidade de ações preventivas, à precariedade dos espaços urbanos e à ausência de comunicação eficaz entre as autoridades e a população. A percepção de abandono em determinados bairros, aliada ao sentimento de impunidade e à falta de acolhimento às vítimas, contribui para a desconfiança.
Com um cenário desses, impossível não cobrar quem de direito, e deixar claro que é necessário ir além das estatísticas. Políticas públicas devem combinar repressão qualificada com prevenção territorial. Investir em iluminação pública, ocupação de áreas ociosas e projetos sociais, além do fortalecimento da Guarda Municipal e ampliação dos canais de diálogo com os moradores, certamente resultarão num ambiente mais seguro.
E verdade seja dita: é preciso entender, definitivamente, que a segurança não é apenas a ausência de crime, mas a presença constante do poder público, a organização urbana e vínculos de confiança entre governantes e governados.