Historinhas

Quando pequeno, eu gostava de criar historinhas. Protagonistas, vilões, enredos: cenas na cabeça. Uma vez, desenhei até mesmo um mapa para ambientar os acontecimentos imaginados. Chegava até a escrever uma coisa ou outra, mas em pouco tempo parava. O motivo? Havia imaginado alguma outra historinha que me chamou mais a atenção.
A gente cresce e menospreza a imaginação. Se ater aos fatos é bom na maioria das vezes, mas se permitir criar, também. Criar, de criatividade, inclusive. Por muito tempo não me achei uma pessoa criativa. Às vezes, a sua criatividade só não está onde você imagina que esteja.
Esses dias sonhei com uma historinha. No sonho, eu sabia que não era real, que era uma coisa que eu estava construindo. Podia controlar os rumos – mas não só isso. Podia dar espaço para todas as referências e vontades e possibilidades que ali coubessem.
Quando pequeno, gostava de criar historinhas e com certeza isso me despertou a vontade de contar historinhas. Historinhas reais, de pessoas reais – quem disse que também não é preciso de imaginação para passar para o papel uma história de verdade? A vida, afinal, não acontece em linhas retas.
Em alguns momentos, sinto falta das minhas historinhas. Em alguns momentos, sinto falta de abrir espaço na minha vida para coisas descompromissadas, aquelas que a gente faz por puro prazer.
Será que é possível esquecer que a vida não é automática?