Gratuidade no transporte

Ninguém tem dúvida, seja analista econômico ou um simples cidadão, que as marcas que a pandemia deixou e ainda vai deixar na população, em especial na saúde e assistência social, vão ser profundas nas finanças de todos, e levar muito tempo para cicatrizarem.

O governador João Dória, num daqueles seus impulsos espetaculosos, decidiu que os idosos devem ser os primeiros atingidos com medidas para reduzir a pressão sobre as contas públicas. Cortou a gratuidade no transporte público para pessoas com idades entre 60 e 64 anos. Vergonhoso!

O Estado e as prefeituras deveriam continuar subsidiando a gratuidade desse segmento da sociedade, que depende não só do transporte coletivo, mas de outros serviços públicos. Acabar com ela é medida impopular e politicamente vai ter consequências mais adiante.

Há aqueles que consideram a medida correta, e citam como fator preponderante o fato da população envelhecer mais rapidamente e ter maior expectativa de vida. Dizem ainda que o benefício de uns é custeado por todos.

Esse também deve ter sido o pensamento de Dória para cortar o transporte público gratuito de idosos. E não foi além dessa faixa etária, porque a partir dos 65 anos a legislação é federal.

Dentre todas as sandices cometidas por João Dória em dois anos de governo, essa é uma das mais absurdas, como também o aumento do ICMS. Se o governador pretende cometer suicídio político, fique com a certeza de que já tem a quantidade necessária de corda. É só se enforcar.

Há subsídios que os governos devem pagar e o transporte de idosos é um deles. Há outros, como mordomias entranhadas no serviço público, que já deveriam ter sido eliminadas.

Como a população é a parte mais fraca nessa engrenagem chamada de “Estado”, o caminho fácil é tirar os poucos benefícios que ela ainda tem.

Os idosos, assim como aqueles que pagam pesados impostos, vão se lembrar de João Dória em 2022. Não ganha nem que dispute eleição para ser o síndico do prédio onde mora. Se residir em uma casa, nem para inspetor de quarteirão.