Recebi uma mensagem no whatsapp de um grupo denominado ‘ALEATÓRIO’ onde fui incluído por um número de celular desconhecido. Como demorei um pouco para abrir já tinha uma mensagem: ‘quem incluiu esse ‘véio’? Eu não sei quem me incluiu e muito menos quem me excluiu. Pelas fotos são jovens adolescentes. De qualquer forma, pelo menos um deles não me discriminou por ser de outra faixa etária, apenas incluiu uma ‘pessoa idosa’, ou seja, não considerou que sou um ‘véio’.
Do ponto de vista das normas constitucionais: “A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando-lhes sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida” – Art. 230.CF/88.
Nesta sociedade atual o etarísmo – discriminação por conta da idade – vem ocorrendo, notadamente, a prevalecer sobre as pessoas idosas, contribuindo com a exclusão social desse segmento populacional, violando, no entanto, os direitos fundamentais dessas pessoas. Agora entendi porque tem a lei do Estatuto do Idoso.
A velhofobia, conforme definido por Mirian Goldemberg, vem acontecendo muitas vezes de forma dissimulada e pejorativa como, por exemplo, quando o termo ‘velho’ é utilizado ou então com frases depreciativas como “você não tem mais idade para isso” ou “isso não é coisa para velho” ou “quem é esse véio”.
No Brasil as pessoas idosas são 31,2 milhões, conforme indicou o IBGE em 2021, ou seja, quase 15% da população. O aumento da longevidade da população vem aumentando. Em 2019 o IBGE anunciou que a expectativa de vida no Brasil era de 76,6 anos.
Numa projeção da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil tinha 7 milhões de trabalhadores acima de 60 anos, em agosto de 2022, apontando que “a força de trabalho no país deverá ficar cada vez mais nas mãos de quem é experiente”.
Entendo que essa depreciação atual das pessoas idosas deve ser enfrentado com políticas públicas efetivas, focadas para o respeito aos direitos humanos e a desigualdade social. Imagino como deva ser para uma pessoa idosa, mulher e preta, impactada com as discriminações do etarismo, do machismo e do racismo brasileiro nos dias atuais.
Na política educacional considero fundamental incorporar a conscientização sobre o combate ao etarísmo em todos os níveis educacionais, desde a educação infantil até o curso superior.
De qualquer forma torna-se fundamental ressignificar os conceitos de pessoas idosas construindo-se uma consciência crítica nas questões de desigualdade social e econômica, bem como, culturais.
Torna-se necessário romper com a ideia que a pessoa idosa é incapaz e improdutiva. Evidentemente, como toda pessoa saudável física e mentalmente a pessoa idosa é capaz e pode ser produtiva desde que não continue sendo depreciada e que as políticas públicas de Estado não prevaleçam com assistencialismo demagógico e capenga.
O combate ao etarismo é fundamental para que as próximas gerações não precisem passar por tais discriminações.
Essio Minozzi Jr. licenciado em Matemática e Pedagogia, Pós-Graduado em Gestão Educacional – UNICAMP e Ciências e Técnicas de Governo – FUNDAP, foi vereador e secretário da Educação de Mairiporã.