Nas últimas semanas estive na loja Busca Busca. Logo na entrada, a sensação era de mergulhar em um universo paralelo com prateleiras sem fim e uma variedade que parecia não ter limites. Era como entrar em um labirinto cuidadosamente planejado para que a gente não percebesse o tempo passar.
O espaço estava lotado. Pessoas iam e vinham em ritmo apressado e braços carregados. Havia uma espécie de furor no ar, como se todos, de repente, precisassem urgentemente daquilo que, até ontem, talvez nem soubessem que existia. E como resistir? Os preços piscavam como convites e cada esquina da loja parecia sussurrar “leva mais um”.
Era curioso observar como as pessoas entravam nesse estado de excitação coletiva. Há uma pressa ansiosa que contagia até quem tinha prometido só “dar uma olhadinha” ou “comprar somente o necessário”. Dentro da loja, parecia que todos estavam correndo contra o tempo, como se o mundo fosse acabar no caixa.
Em meio a esse turbilhão, vi um rapaz completamente absorto em seu próprio carrinho, abarrotado de produtos de todos os tipos. De repente, ele se vira para a amiga e diz “se continuar assim, vou precisar comprar um carro maior para caber tudo que compro!”. Ambos caíram na risada.
E o tumulto da loja só aumentava. No meio de tanta agitação, percebi como o frenesi coletivo tem um efeito quase hipnótico: as pessoas se movem se atentar-se ao espaço, guiadas mais pela pressa e pelo impulso do que pelo que realmente precisam. Olhos vidrados nos produtos, mãos que se estendem sem pensar, carrinhos que se atropelam nos corredores. É como se o caos criasse uma espécie de cegueira temporária, embalados pelo efeito manada, sem perceberem o que estão levando ou por quê.
Mais à frente parei diante de uma prateleira de tapetes, indecisa entre um simples e outro cheio de estampas geométricas. Foi então que uma senhora, com ar de especialista, olhou para mim e disse: “Leva os dois, minha filha, porque depois você volta e não tem mais”. Dei risada, e antes que pudesse responder, ela mesma já estava empilhando quatro tapetes no carrinho, como quem comprava pão fresco.
Fiquei ali pensando se eu precisava mesmo de um tapete ou se estava prestes a entrar para um clube secreto de acumuladores alegres. Na dúvida, deixei o produto. Eu nem tinha gostado daqueles tapetes.
A verdade é que nessas horas precisamos parar e refletir, sem nos deixar levar pela agitação e pelas expectativas dos outros. É aprender a escolher com consciência, a valorizar o essencial e a não se deixar cegar pelo impulso do momento.
Quando finalmente saí da loja, percebi que estava cansada. Não só pelo vai e vem dos corredores, mas por esse turbilhão de estímulos, ofertas e desejos. A loja ficou para trás, mas a sensação permaneceu: no fundo, a busca maior talvez seja por equilíbrio entre querer e precisar, entre comprar e viver.
E para finalizar, como todos já sabem, eu prefiro viver assim – sei que sou mais feliz desta forma… saboreando as ofertas da vida sem me perder nelas, compreendendo os excessos e cultivando o essencial. A você, caro leitor, desejo que escolha o que realmente importa e valorize cada pequena alegria do seu dia.
Drielli Paola – @drielli_paola. Servidora Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo. Bacharel em Direito, com pós-graduação e extensões universitárias na área jurídica. Entusiasta de psicologia, história, espiritualidade e causa animal. Apaixonada pela escrita.