Empresas e as políticas ESG

Há pouco tempo escrevi aqui a respeito de ESG, relacionando a indústria de plástico, que em Mairiporã existe em grande número. Um amigo próximo, CEO de uma empresa de internet, me provocou a respeito do interesse das empresas, mesmo as pequenas e médias, quanto a adotar uma agenda de sustentabilidade em sua governança.
Desta forma, quero pontuar informações relevantes a respeito, já que o compromisso firmado em 2015 pelas nações do mundo é uma responsabilidade de todos, uma urgência que a sociedade está afunilando no meio corporativo e das finanças. Sei também que muitos de nossos leitores são empreendedores.
Não há nenhuma exigência formal para que empresas sigam os pilares ESG, mas com a pandemia migramos para uma nova fase em que essa agenda ambiental, social e de governança a cada dia deixa de ser uma escolha e passa a ser uma exigência. Primeiramente de investidores, já que as principais casas gestoras de recursos cada vez mais incluem essa agenda ESG para a locação de valores e investimentos.
Há também uma regulação: a do Banco Central, que conta com uma normativa que estabelece impedimento de ordem sócio ambiental, já para concessão de crédito rural, por exemplo. Um sinal latente dessa nova fase no Brasil, mas quero mencionar também que a União Europeia vem implementando uma série de medidas ligadas a taxas de carbono em áreas fronteiriças e limitações no que tange produtos provenientes de áreas desmatadas. Obviamente isso também impacta as nossas empresas daqui que querem exportar para os países do velho continente.
Não se trata só de protecionismo, embora isso possa ser debatido quando se trata de Europa, mas é fato que por indução ou regulação estamos diante dessa nova realidade que pode ser entendida como nova exigência, posto que muita coisa que é produzida do nosso lado do pálido ponto azul, caminha e voa para aqueles lados da velha bota. Não resisti em colocar um pouco de poesia nesta análise.
Imagino que todo mundo que abre um pequeno negócio deseja a prosperidade e a expansão. Inclusive deve estar preparado para isso, já que o sucesso por vezes é rápido e até inesperado. Para abertura de capital na bolsa, descobri que o fato da empresa não estar inserida em algum tipo de política ESG não representa necessariamente um entrave, mas a CVM – Comissão de Valores Mobiliários que regula o mercado de capitais, já adotou uma série de medidas, como por exemplo disponibilizar anualmente um formulário de referência, onde a empresa escolhida deve comprovar em sua governança as ações sociais e ambientais.
Em 2023 inclusive, a CVM aprovou uma proposta da B3 – Bolsa Brasileira, que foi nomeada como “anexo ESG”. Pela proposta, todas as companhias listadas terão até 2026 que contar com uma mulher e um membro de grupo chamado minorizado no seu conselho de administração ou diretoria estatutária. Desta forma colocar essas pessoas em um alto patamar. Com isso, de cara já relaciono a ODS nº 5 que trata da igualdade de gênero e estímulo à diversidade.
Pois é, a corda está sendo esticada ou como dizia minha mãe: “o caldo está entornando” para você empresário que ainda acha que ambientalismo é abraçar uma árvore ou que questões relacionadas ao meio ambiente são apenas um setor decorativo nas empresas. “Time is Money” continua sendo um aforismo e uma verdade, mas está muito claro que os que não se atentarem para todas essas mudanças e entenderem que sustentabilidade não é um diferencial competitivo, mas sim uma condição para competir, será deixado para trás.

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”