Em 30 anos, número de pessoas acima de 75 anos será 5 vezes maior em Mairiporã

ATÉ 2050, primeira metade do século 21, Mairiporã passará por uma relevante mudança no padrão etário de sua população. De acordo com as projeções elaboradas pela Fundação Seade, o número de pessoas a partir de 75 anos será cinco vezes maior nos próximos 30 anos, avançando dos atuais 2.610 para 10.525 habitantes – alta de 304%.

Por outro lado, o estudo aponta tendência de queda no número de moradores com menos de 15 anos, que será inferior a de idosos na faixa etária entre 60 e 74 anos em 2050. Se hoje eles são 18.223, daqui a três décadas somarão 17.370, o que corresponde a uma variação negativa de 4,91%.

Quanto aos demais grupos etários, a projeção para a faixa de 15 a 39 anos é de redução populacional de 10,65%; para a compreendida entre 40 e 59 anos, queda de 37,95%; e, no grupo de 60 a 74 anos, expressivo aumento de 101,25%.

O processo de envelhecimento da população de Mairiporã, revelado pela Fundação Seade, acompanha uma tendência nacional. Segundo a demógrafa e gerente de Demografia da instituição, Bernadette Waldvogel, o estudo considera três principais estatísticas: taxa de fecundidade, taxa de mortalidade e migração, sendo os dois primeiros os mais relevantes para compor a projeção do padrão etário da cidade.

Hoje, a fecundidade, que corresponde ao número de filhos por mulher, está bem baixa, em 1,7 no Estado. Por outro lado, o risco de morte está cada vez menor. Isto é, a população na faixa dos 65 anos, que veio de uma geração em que as famílias tinham muitos filhos, aumentou e vai contribuir para maior expressividade populacional do grupo de idosos nas próximas décadas. O objetivo do estudo é fornecer ferramentas para o planejamento de longo prazo de políticas públicas.

Começo – Para os especialistas em geografia, o processo de envelhecimento da população já é algo consolidado em países desenvolvidos, como os da Europa. No Brasil, foi um fenômeno que teve início na década de 1940, com a migração de um grande contingente populacional do campo para a cidade.

Segundo eles, a urbanização garantiu às gerações que foram surgindo melhores condições de vida, o que significou aumento de anos vividos. Nas décadas passadas, o meio rural era bastante difícil e perigoso. Quando vieram para a cidade, essas pessoas tiveram, por exemplo, acesso ao saneamento básico, condições mais seguras de trabalho, e atendimento médico hospitalar mais facilitado.

Com isso, a expectativa de vida dos brasileiros, que era de 45 anos, começou a aumentar, até chegar aos atuais 77 anos, com perspectiva de seguir agregando anos à vida dos brasileiros. Ou seja, vai continuar aumentando a quantidade de pessoas acima de 60 anos e os superidosos, acima de 85 anos, já começam a aparecer em número bastante expressivo.

Base da pirâmide – A taxa de natalidade começou a decrescer no Brasil a partir da década de 1960, justamente na época em que a pílula anticoncepcional chegou ao mercado e quando a maioria da população brasileira já estava concentrada na zona urbana. Entre 1940, início do êxodo rural, e 1970, embora as taxas de mortalidade tenham decrescido substancialmente em razão das melhorias introduzidas no cotidiano das pessoas, o número de nascimentos ainda continuou alto, fazendo com que o total de habitantes dobrasse no período.

A adoção do uso dos anticoncepcionais foi importante neste processo e, com o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, as famílias, além de terem número menor de filhos, passaram a tê-los mais tardiamente. Com isso, a partir dos anos 1990, a base da pirâmide etária começou a estreitar, em razão da queda da população mais jovem.

 

 

Total de habitantes PROJEÇÃO POPULACIONAL

MAIRIPORÃ – 2050

 

2050 – 122.463

2020 – 101.194

Pessoas menores de 15 anos

2050 – 17.370

2020 – 18.223

Faixa de 15 a 39 anos

2050 – 37.029

2020 – 40.974

Faixa de 40 a 59 anos

2050 – 36.215

2020 – 26.252

Faixa de 60 a 74 anos

2050 – 21.321

2020 – 10.594

Faixa a partir de 75 anos

2050 – 10.525

2020 – 2.610