Direita x esquerda

As eleições nos países europeus voltaram a se destacar no cenário mundial pelo crescimento dos chamados partidos de ‘direita’ e trouxe de volta a discussão sobre qual segmento político é melhor, ou em melhor análise, o menos pior: direita x esquerda. Teoricamente, ambos têm comportamentos distintos ao expressar suas propostas e pensamentos: economicamente a direita enxerga que o mercado é eficiente na produção de bens e na distribuição de renda. A esquerda opta pela regulação da produção e das políticas distributivas. Na prática não é bem assim que a banda toca.

Os países da América do Sul também enfrentam eleições e o eleitor se vê diante do dilema: direita ou esquerda.

Trazendo o tema para o Brasil, especificamente, o que se vê é uma política tributária que não faz distinção de quem está no governo (direita ou esquerda), pois ela é regressiva e penaliza mais os pobres. A minoria rica paga menos impostos.

Os partidos políticos que integram os dois lados, mais aqueles que se consideram de centro, na verdade são um emaranhado de interesses particulares, cujo foco principal são as alianças pragmáticas que, em última análise, visam agradar a sociedade (em sua maioria formada de incautos) e chegar ao poder. Uma vez nele, vale a frase de Maquiavel: “aos amigos, os favores, aos inimigos, a lei”.

Falar em direita e esquerda vem desde a Revolução Francesa, há mais de dois séculos. E desde o seu surgimento, nada mudou. Políticos se acomodam de acordo com o governante de plantão. O escritor e filósofo francês Jean Paul Sartre, sabiamente, dizia que direita e esquerda são duas caixas vazias, ou seja, nenhuma das duas teria valor heurístico.

Por outro lado, não se pode dizer apenas que a postura dos partidos é nociva, pois eles são a cara da sociedade brasileira que, de sua parte, não tem nenhum interesse em participar do debate. Fica a sensação (quase certeza) de que os brasileiros preferem exclusivamente ‘pagar a conta.’

Parafraseando o escritor português José Saramago, cuja citação é definitiva sobre políticos e partidos: “O Brasil não tem partidos de direita, de esquerda, de nada, tem um bando de salafrários que se reúne pra roubar juntos”.