Dinâmicas

Considero ser uma pessoa de opiniões dinâmicas. Na verdade, essa foi uma expressão que inventei para disfarçar o fato de que sou indeciso. Por muitas vezes, incoerente. Mas já faz um tempo que deixei de ver isso como um defeito, muito pelo contrário: não estamos todos errados?
Estamos todos errados. Se há uma coisa que os últimos acontecimentos no Brasil e no mundo provam é que estamos todos errados. Não me entenda mal, obviamente uns estão mais errados que outros.
Uns erram por conta dos erros de outros. O fato é que nunca se errou tanto quanto se erra agora. Do que adianta a certeza, então?
A certeza se assemelha ao conceito que temos de verdade: são boias bem cheias em um mar revolto, nas quais se agarra e não se quer soltar de maneira alguma. Mas certeza não é verdade.
A verdade está fora de nós, imutável. A certeza está dentro, fruto de nossas convicções, crédulos e pensamentos. É bom colocar a certeza no espelho para ver se aquela boia tem a mesma cor, formato e quantidade de ar que a verdade. Quem faz isso hoje em dia?
A certeza nos impede de aprender, estou certo disso. Se eu já sei de tudo, por qual motivo iria querer saber de outra coisa? Por isso prefiro ter opiniões dinâmicas; opiniões que não são certezas, muito menos que se prestam ao papel da verdade absoluta.
Opiniões, claro, que tentam refletir os fatos (e evitar os “eu acho”), mas que estão sempre passíveis de ser discutidas. Quem sabe alguém não me apresenta a um novo ponto de vista? Nesse mar, é preciso nadar.