O excessivo percentual de abstenções (eleitores que não compareceram às urnas no último dia 6 de outubro) é uma resposta do cidadão brasileiro, que se cansou do extremismo que o País vive, da espetacularização do debate eleitoral. O que o cidadão/eleitor quer e precisa, é de melhorias na saúde e educação, no emprego e na segurança, para ver sua vida melhorar através do que deveria ser a ação direta dos políticos.
O fenômeno registrado em Mairiporã, que a cada pleito supera com facilidade os 25% do total do colégio eleitoral, é fruto de inúmeros fatores, que levam o cidadão a desprezar o seu sagrado direito ao voto. Outro ponto que insufla a ausência nas urnas é o baixo nível das campanhas, que se agrava a cada pleito, a violência e a intolerância às diferenças de opinião.
Os políticos, ao invés de projetos e propostas concretas e articuladas para administrar os municípios, preferem concentrar suas artilharias para ataques pessoais contra os adversários, tentativa desesperada de conquistar o voto através da desqualificação absoluta dos concorrentes. Também não deve ser desprezada a falta de lideranças políticas, que no município ficou evidenciada no último dia 6 de outubro.
Essa espécie de boicote eleitoral, se não foi surpresa para os especialistas em política, assustou os nossos ‘guardiães da democracia’, como a ministra e presidente do TSE, Carmen Lúcia, cujas declarações sobre as abstenções foram hilárias e não ingênuas, como alguns quiseram fazer acreditar.
Os 30% de eleitores aptos a votar, na média dos últimos quatro pleitos, se abstêm mesmo com o voto sendo obrigatório.
E se as autoridades eleitorais acreditam que a permanente campanha para embelezar o sistema eleitoral falido será suficiente para convencer o eleitor, está provado que não funciona.
A história de que o voto é uma arma para melhorar a vida das pessoas, virou piada. Também é possível chamar de boicote o que o eleitor enxerga em todo o processo como uma farsa eleitoral.
Diagnóstico feito, hora de quem de direito encontrar o remédio para esse mal.