No último domingo, dia 15 de outubro, o feriado nacional escolar em comemoração ao Dia do Professor no Brasil completou sessenta anos. Essa data foi estabelecida pelo então Presidente João Goulart, em 14 de outubro de 1963, através do Decreto nº 52.682.
O Imperador do Brasil, Dom Pedro I, decretou no dia 15 de outubro 1827 a criação do Ensino Elementar – Escola de Primeira Letra em todas as cidades naquela época. Estabeleceu também a contratação de professores assalariados para desenvolverem um cronograma de disciplinas para atender as crianças visando a formação do ‘homem culto’. Uma escola em que o professor era a figura principal diante da responsabilidade do ensino e os alunos reproduziam o que aprendiam. Nesse período “a família e a escola eram repressoras e aos filhos e aos alunos cabiam acatar todas as ordens e os ensinamentos (…) a grande maioria dos pais eram analfabetos”, segundo Benvenutti 1
Importante destacar que o no fim dos anos 1940, o professor paulista Salomão Becker transforma a data em feriado nas comunidades escolares onde o mestre Becker lecionava, pois em 1947 a data ainda não era feriado nacional escolar.
No ano seguinte a professora e deputada catarinense criou no Estado de Santa Catarina a Lei nº 145, de 12 de outubro de 1948, oficializando o Dia do Professor. Cabe ressaltar que a deputada Antonieta de Barros foi a única negra entre as primeiras mulheres eleitas no Brasil. Nesse período já haviam os Grupos Escolares que atuavam no Ensino Primário, correspondente as Escolas da Primeira Letra no período imperial brasileiro, também o professor era protagonista na formação de ‘homens cultos’.
Com a industrialização a sociedade se reconfigura com a população rural vindo às cidades e a escola passa a ocupar, prioritariamente, o papel de alfabetizadora, inclusive para os pais. Com a industrialização a escolarização prioriza preparar a mão de obra para o mercado e, ainda, o professor protagoniza a transmissão do conhecimento oferecido de acordo com os interesses do poder para atender as necessidades do mercado de trabalho.
Com o avanço da sociedade a escola se modifica, ou melhor, no meu entendimento se adequa as novas realidades, mas não se desvincula dos interesses do poder. Com o advento da psicologia evidencia a Escola Nova e sua tendência pedagógica começa a expandir.
Novos conhecimentos, práticas e metodologias dos professores passam a compor as atividades e áreas do ensino, entretanto, “o compromisso da escola com as famílias diante da educação dos filhos, dos alunos se modifica”, segundo Benvenutti. Sendo assim, a vida familiar da criança passa a ser foco e objetivo de interesse dos espaços escolares. A escola e a família, cada um no seu espaço, assumem a responsabilidade pela educação e a evolução da civilização.
Com a mudança da sociedade há uma redefinição do papel do professor na escola que o afasta do protagonismo exclusivo de compartilhar conhecimentos para colocá-lo no espaço da família uma vez que “com a dificuldade dos pais em educar conforme os princípios da escola, esta assume cada vez mais essa função”, segundo Benvenutti, ou seja, o professor assume mais essa função com a organização da relação comunidade e escola, diante de sua proximidade com a família dos alunos, além, é claro de ser o responsável para conduzir e mediar os conhecimento definidos pela BNCC-Base Nacional Comum Curricular.
Benvenutti, C.D.A S – Relação Escola Comunidade – Cidades Educadoras.
Essio Minozzi Jr. licenciado em Matemática e Pedagogia, Pós-Graduado em Gestão Educacional – UNICAMP e Ciências e Técnicas de Governo – FUNDAP, foi vereador e secretário da Educação de Mairiporã.