O ensino à distância como alternativa nesse período pandêmico é vista como insuficiente, prejudicando uma geração de crianças na pré-escola. O secretário da Educação de São Paulo, Rossieli Soares da Silva, diz que “a suspenção das aulas trará um problema geracional inestimável e poderá afetar o ensino superior”.
Não se trata de defesa de retorno as aulas, mas uma reflexão de causa/efeito de decisões educacionais que precisam ser monitoradas e, consequentemente, corrigidas se necessário.
Pesquisa da UFRJ-Universidade Federal do Rio de Janeiro indicou que crianças de 4 e 5 anos na pré-escola apresentam déficit de desenvolvimento na expressão oral e corporal sem as aulas presenciais. Essas crianças teriam a oportunidade na escola de aprendem se relacionando com outras crianças, interagindo na realização de atividades como pintura, desenhos, recortes de papeis, colagens, contação de histórias, leituras e músicas. Entretanto, essas habilidades não são estimuladas no ambiente doméstico. Nos lares mais pobres o déficit pode chegar a 20 % a mais que nos dos ricos.
Agora não é o momento de retorno as aulas presenciais, mas as autoridades responsáveis não podem desconsiderar tal prejuízo na formação na pré-escola e poderiam buscar o aprimoramento dos programas de ensino à distância.
No Brasil são 113.985 escolas com educação infantil, sendo que 101.012 (88,6%) de pré-escola. Apenas 66,2% dessas escolas contam com infraestrutura tecnológica, conforme Censo Escolar de 2020.
O não aprimoramento do processo de aprendizagem com tecnologias educacionais consolidará a lacuna na formação dessas crianças e, provavelmente, com a retorno à normalidade escolar não serão disponibilizadas as condições adequadas para dar conta da defasagem de aprendizagem desses alunos ora identificadas na pesquisa.
Ficou constatado ser insuficiente ofertar atividades remotas por plataformas via internet e a retirada de atividades impressas para os que não tem acesso à internet. Essa insuficiência amplia as diferenças socioeconômica através da educação. As famílias mais pobres terão seus filhos com maiores dificuldades no futuro.
A pandemia impôs circunstâncias que, notadamente, de imediato buscou alternativas de oferta de ensino, mas tais alternativas acabaram acomodando procedimentos de ensino, a chamada ‘zona de conforto’. Agora tais alternativas apontadas como insuficiente deixam de ser ad aeternum. Espero!
Essio Minozzi Júnior é professor de Matemática e pedagogo. Pós-Graduado em Gestão Educacional – UNICAMP; Planejamento Estratégico Situacional – FUNDAP- Administração Pública-Gestão de Cidades UNINTER; Dirigente Regional de Ensino DE Caieiras (1995-96), Secretário da Educação de Mairiporã (1997-2000) e (2017-2018), Vereador de Mairiporã (2009-2020)