Triste ver a seleção brasileira de futebol feminino fora da copa do mundo. Na última partida da fase de grupos precisava vencer a Jamaica, mas fez sua pior partida que terminou em um zero a zero melancólico e decepcionante. Nosso time não conseguiu furar a retranca adversária e amargamos uma terrível eliminação depois de vinte e oito anos. Me deu a impressão de que a imprensa esportiva andou vendendo gato por lebre, pois ficamos iludidos com um time que mostrou pouca qualidade nas quatro linhas.
Fim da linha para Marta, a maior de todos os tempos, que se despediu dos mundiais como a maior artilheira, mas sem nenhuma atuação que se pudesse considerar a altura do esperado e sem fazer a diferença como em outros tempos.
Falamos tanto de renovação e terminamos com uma gigante decepção e os motivos de não conseguir vencer uma seleção como a da Jamaica, que com todo nosso respeito, seguiu para o mundial contando suas moedinhas. Marta muito contribuiu para que o futebol feminino pudesse evoluir não apenas no Brasil, mas no mundo todo. No entanto, notório que paramos na falta de qualidade da comissão técnica e das jogadoras.
Qualidade e merecimento rumo a dias melhores precisarão ser preparados e há que sermos duros neste momento. O histórico do atual grupo é de grande apoio, não apenas popular, mas de investimentos e da tal estrutura que tantos lutaram. Um cenário que nem de longe lembra a adversidade de anos atrás.
A seleção contou com todo apoio necessário, inclusive atrativos de premiação iguais aos do futebol masculino, além de treinamentos, amistosos e viagens. Obviamente que por si só não são fatores que garantem sucesso, mas sem dúvida evidenciam que a falta destes itens não pode ser usada como desculpa para este insucesso.
Pia Sundhage passou quatro anos à frente da seleção brasileira e sequer aprendeu o nosso idioma para minimamente dar uma entrevista. Só vencemos adversários fracos e quando foi para valer, sempre fomos derrotados pelos times que figuram dentre as cinco melhores equipes do mundo.
Perdemos, tivemos dificuldades ou não estivemos à altura daqueles que eram os nossos desafios de fato. Nossa treinadora, no meu entender, foi previsível, incompetente e apática a beira do gramado, apesar de ter tido esses anos todos para trabalhar. O grupo era mesmo fraco em termos de qualidade para resolver as situações dentro do campo de jogo diante de equipes como Panamá e Jamaica. Nem vou falar da França. Por tudo que foi investido, no mínimo deveriam estar classificadas para a próxima fase.
Inacreditável, mas o primeiro esporte da Jamaica é o atletismo, o segundo o baseball. Perdemos a classificação de um jeito que não podemos e nem devemos, até pelo bem do esporte feminino no Brasil, passar a mão na cabeça das nossas atletas. Continuo torcendo por elas. Toda vez que alguém veste as cores do brasil, em qualquer modalidade, seja qual for a categoria, temos a obrigação de apoiar, mas depois do apito final nesta copa, e no momento, cabem decepção e críticas.
Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”