“Lutar com palavras é a luta mais vã.
Entanto lutamos mal rompe a manhã.”
(Carlos Drummond de Andrade)
Se até Drummond quis lembrar a dificuldade com as palavras, imagina eu, o que passo para escrever um bom texto ou encontrar os dizeres necessários para cada momento. A palavra tem sido a matéria prima da minha existência pessoal e profissional. O poder dela e a consciência da autoridade afetiva que aprendi a ter para com os meus, fazem com que a responsabilidade seja crescente com o passar dos anos. Muitas pessoas elogiam essa minha capacidade e dizem que não há outra coisa que eu faça melhor do que a oratória para diversas ocasiões. Não é incomum que me questionem, principalmente quando se trata de casamentos, de onde vem a inspiração.
Para ser um pouco poético eu diria que se a boca fala do que o coração está cheio, eu trago de casa todo amor que eu transbordo. Decodificado em palavras nas cerimônias me escapa da boca naturalmente. Vou dizendo o que em mim é abundante como sangue nas veias. Deus permite pulsar e eu devolvo como uma prece em dia branco, como se recitasse um poema e como se os versos fosse canções que eu ouvi enquanto sonhava. Acredite, eu sempre fui bastante tímido e ainda penso que seja.
Na época escolar tinha muita dificuldade para me aproximar de alguma pretendente. Faltava coragem e sobravam insegurança e receio de não agradar. Hoje continuo tímido, mas a “cara de pau” me ajuda nos momentos de insegurança e ansiedade. Sim, eu ainda tenho bastante frio na barriga dependendo do público e do desafio.
Estou me aventurando nas linhas e é bem difícil encontrar tempo e até inspiração para o segundo livro. Quando pego para digitar, sou capaz de ir bem longe na quantidade de páginas, embora não seja essa minha preocupação. O que eu mais quero é que as palavras possam chegar longe e deixar algo de bom onde chagarem, como descrevi no artigo da última semana.
A epigrafe que escolhi faz parte de um fantástico texto, chamado “O lutador, escrito por Carlos Drummond de Andrade, autor recordista de aparecimento nas avaliações do Enem. A segunda geração do modernismo, influenciada pela semana de 1922, carrega essa característica dos versos livres, sem rimas específicas. No caso de Drummond, sempre gostou de compor poemas longos com uma porção de versos e estrofes.
Uma semana dessas, quem sabe eu possa falar um pouco mais sobre esse mineiro de Itabira que deixou um legado de muitas obras, sendo um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos. Para muitos, o maior de todos.
Da minha vida escolar, muitos ensinamentos vieram de leituras deste grande mestre, como o “Poema de sete faces”, “José”, “No meio do caminho” e “Receita de ano novo”. Também de Drummond, retiro o que preciso para emprestar à minha maneira de escrever e dizer com coerência e verdade, o que tenho deixado esquecido nas linhas que chegaram até aqui.
Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”