O aumento de 2,7 mil veículos na frota de Mairiporã em apenas um ano acende um alerta sobre os impactos no trânsito e na mobilidade urbana. Segundo dados da Senatran, o município atingiu 65.825 veículos em agosto, alta de 4,3% em relação ao mesmo período de 2024 (63.029). Embora o ritmo seja menor que em anos anteriores, o acréscimo constante segue ampliando a pressão sobre ruas, estradas e serviços de circulação.
Trânsito mais carregado – A predominância de automóveis (39.338 unidades) – categoria que cresceu 3,4% – reforça o padrão de deslocamento baseado no transporte individual, aumentando pontos de retenção em vias já saturadas, como os acessos às rodovias Fernão Dias e Luiz Salomão Chamma e corredores internos nos horários de pico.
O aumento das motocicletas, que passaram de 10.031 para 10.462 unidades (alta de 4,2%), também traz efeitos diretos: mais circulação em faixas estreitas, maior risco de sinistros e demanda crescente por fiscalização e infraestrutura adequada, como bolsões de motos e sinalização específica.
Mobilidade sob desafio – Mesmo com crescimento moderado, a frota ampliada evidencia a dificuldade de diversificação dos meios de transporte. A dependência do carro particular permanece alta, enquanto alternativas como transporte coletivo, ciclomobilidade e deslocamentos a pé avançam lentamente.
A expansão anual inferior à média estadual mostra que Mairiporã cresce de forma mais tímida, mas o impacto proporcional na mobilidade é maior, devido à estrutura viária limitada e à topografia desafiadora.
Região – No comparativo regional, a soma das frotas de Franco da Rocha, Francisco Morato, Cajamar, Caieiras e Mairiporã atinge 325.387 veículos – aumento de 4,7% em relação a 2024. O cenário reforça o adensamento viário em todo o eixo norte da Grande São Paulo, onde o conjunto das cidades compartilha gargalos semelhantes: poucas vias de ligação, dependência dos mesmos corredores e oferta insuficiente de alternativas de transporte.
O que os números revelam – O crescimento da frota não é apenas estatístico – é um indicador direto para políticas de mobilidade. Ele aponta a necessidade de: modernização e ampliação das vias; melhoria do transporte público; revisão do planejamento urbano; incentivo a modais alternativos, como ciclovias e caminhabilidade; reforço na educação e segurança viária.
Enquanto a cidade avança sobre quatro rodas, o desafio é garantir que a mobilidade acompanhe o ritmo, evitando que o aumento anual de veículos se transforme em congestionamentos permanentes. (Wagner Azevedo/CJ – Foto: M. Borges)