O conhecimento de como funciona o sistema econômico tem por objetivo tornar mais eficiente o trabalho do cidadão para atender às suas necessidades materiais e deixar-lhe, assim, mais tempo para explorar suas potencialidades.
Desde Adam Smith, no século 18, sabe-se que: 1º) o homem realiza qualquer comportamento desde que o seu próprio interesse seja suficientemente estimulado; 2º) é possível imaginar instituições que façam as ações geradas por seu interesse atender também o interesse da sociedade, por meio do uso dos “mercados” 3º) quando os “mercados” não atendem a esse objetivo é possível que a ação do Estado, por meio de regulação adequada (tributos ou subsídios), possa fazê-lo.
Num mundo em que nenhum agente tem poder econômico para influir nos mercados e todos têm a mesma informação, é possível (com mais algumas hipóteses) demonstrar que, com a coordenação entre os desejos dos indivíduos e a disponibilidade de recursos por meio de mercado competitivos, chega-se a um ponto de “equilíbrio” no qual nenhum indivíduo pode “melhorar” sua situação sem piorar a de “outro”.
Quando o mundo é dividido em nações, a liberdade de comércio produzirá, a longo prazo, o mesmo efeito. Infelizmente as condições da economia real estão longe de satisfazer àquelas hipóteses e o “longo prazo” pode ser longo demais…
O problema é que o mundo é habitado por nações que têm seus próprios objetivos e incorporam poder político. Seus agentes têm poder econômico e informações muito diferentes e os usam em seu benefício. É por isso que o exercício da política econômica exige uma combinação adequada da boa teoria (inclusive suas limitações), da circunstância histórica e da evidência empírica.
Isso deve se aplicar, por exemplo, quando se avalia o papel das políticas antidumping em relação aos laminados planos a quente da China. Trata-se de uma “commodity”, com preços determinados em mercados livres, de forma que o comportamento de dumping é empiricamente detectável.
O excedente da capacidade mundial de produção siderúrgica é de quase 45%, dos quais o da China é mais do que a metade! Não é por outra razão que todos os países produtores de aço movem ação antidumping contra ela. Ontem eram 176. Como mostra a nota técnica Decom 18/2017, o nível de dumping da bobina quente exportada pela China é da ordem de 35%!
Não é possível que o Brasil —quer por preconceito “científico”, quer por temor à costumeira retaliação imperial chinesa— aceite destruir um setor fundamental à autonomia nacional. Contra a China não tenho nada, apenas inveja!