Companheiro é companheiro

Se companheiro é companheiro, quem não é, você já sabe, caro leitor! Como costumamos aprender, amigos de verdade se percebem durante uma vida toda e só pode enumerá-los usando uma das mãos. Dificilmente vai passar para a outra e acredite, não é ruim! Conheço centenas de milhares de pessoas e devo ter alguns inimigos. Se não os tivesse, não teria graça. Quanto mais a gente é visto, aumenta o número de pessoas que pensam algo a respeito. Impressionante como temos mania de julgamentos sem ao menos conhecer um décimo dos fatos da vida alheia.

Relembro que quando a vida dá errado é que podemos dimensionar quem é quem no jogo. Traições e decepções também fazem parte da convivência e chegam sempre, é claro, de quem está próximo. As vivências recheadas de aprendizagens de erros e acertos nos surpreendem com a intervenção de pessoas que sequer são algo da gente, mas possuem uma capacidade incrível de se tornar parte integrante, de forma que parece sangue do sangue. Há quem ande nas nossas veias sendo como um presente. Amigos que a vida nos dá. Existem amigos que são mais que irmãos.

No tempo que hoje está sendo escrito também o futuro está sendo plantado em cada escolha feita e em cada cultivo de boas práticas, seja por boas leituras, boas conversas, longas risadas e no gesto revelador de perceber a importância da semeadura.

Gosto de comparar as escolhas com sementes nessa metáfora de plantar, já que aprendi desta forma com a sabedoria bíblica: “debaixo do céu há um tempo para cada coisa!”. Os frutos chegam com o empenho e com o abraço a valores e amores.

Colheita também representa dissabor, já que nem todos os frutos são agradáveis e lançar sementes também passa pela sorte da terra que as receberão. Tantas vezes me faltou e falta paciência para a espera do dia chegar. A gente sempre quer tudo rápido sem respeitar o sagrado que existe em esperar.

Ando mais cuidadoso com aqueles que parecem o que não são e são o que não parecem ser. Sangrei tantas vezes por amores passageiros e pelas suas marcas. Pela maldade desinteressada e egoísta de quem me tratou de qualquer jeito. Doloroso ser invadido para depois ser trocado.

Fiquei sem conserto e em total desordem mais de uma vez. Há quem olhe sem responsabilidade com tanta pressa que se não tomar cuidado, nos esquecemos de quem somos e que valemos a pena. Mentirosos se esparramam e têm o péssimo hábito de tirar o nosso referencial de verdade, pois gastam o tempo para nos lembrar dos nossos defeitos, prejudicando o ânimo para o próximo passo.

Se você tem um amigo, mesmo que um só, mas se for de verdade e se for seu companheiro a ponto de suportar o seu sucesso, pode ter certeza que mesmo que o coloque em uma contagem de um dedo de uma da mãos, acredite que o plantio valeu a pena e que a colheita os fará olhar para trás um dia, vislumbrando todo o caminho e com vontade de aplaudir.

 

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”