Houve um tempo em que era consenso neste País que comida deveria ser barata, pois o consumo era inevitável, afinal, as pessoas precisam se alimentar. Mas esse tempo, ao que parece, já vai longe.
Segundo li em reportagem, as Nações Unidas divulgaram que o índice global de preços dos alimentos alcançou o mais nível em 61 anos, superando mesmo períodos como a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a primeira crise mundial do petróleo (1973/1974).
E a cada novo acontecimento (a bola da vez é a guerra Ucrânia/Rússia) a inflação dos alimentos dispara e no seu rastro as justificativas conjunturais (Covid-19 e Guerra na Ucrânia), e estruturais, como mudanças climáticas e aumento da renda na Ásia e África, que tornam os resultados das safras imprevisíveis.
Ou seja, tudo é motivo para que o cidadão se veja obrigado a gastar mais, inclusive para se alimentar menos, enquanto na outra ponta, não importa quem, os lucros são desmedidos.
Sem dúvida, esse quadro é um indício do fim de uma era de alimentos relativamente baratos, que ajudaram, de certa forma, a reduzir a pobreza e a fome no mundo a partir da segunda metade do século 20.
Em outra reportagem, tomei ciência de uma análise do IPC (Índice de Preços ao Consumidor), da Fundação Getúlio Vargas, que textualmente diz que as altas na alimentação ainda vão continuar por um bom tempo.
E arremata dizendo que no Brasil, nenhum dos itens alimentícios tem variação nos últimos 12 meses, abaixo dos dois dígitos.
A coisa, no entanto, não fica nisso. O mercado prevê para o IPCA, índice oficial geral do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que a inflação de alimentos este ano vai bater na casa dos 7,5%, que pode chegar a 8,5%.
O que um dia foi barato, hoje deu lugar à carestia e dificulta ao brasileiro levar à mesa alimentos (carnes, óleos, laticínios, cereais e açúcar) que possam suprir as necessidades da família.
Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988