Com amor é melhor

Ninguém dá conta de fazer algo sem que esteja motivado, o famoso fazer o que gosta sabendo que com amor muda tudo. Com amor vale a pena levantar cedinho, mesmo com vontade de ficar um pouco mais na cama. Com amor fazemos o prato do outro antes do nosso, mesmo morrendo de fome. Sem amor o café é amargo, um minuto de espera já irrita e a gente torce para que a vida passe logo, pois tudo parece cinzento e sem graça. É o amor que confere colorido à vida e isso é tão importante que neste texto não há nem como encontrar um sinônomio de forma a evitar as repetições da palavra.

Mas o que é o amor, já que tantos, na história, na literatura e nas artes tentaram explicar? Se você der uma topada numa pedra com a ponta do dedão e estiver descalço, terá certeza de que o seu sentimento é uma intensa dor. Quanto ao amor, se alguém perguntar o que sente ao dizer eu te amo como poderia descrever?

Costumo dizer nos casamentos, ao realizar as cerimônias, que quando a conversa é sobre o amor, cada um descreve de uma maneira e que representa sempre uma novidade, uma inauguração que vai fazendo com que a gente comece a acreditar que os sonhos da vida não são uma utopia distante, mas uma verdade que se realiza e que se concretiza quando encontramos alguém disposto a sonhar junto.

A história do pensamento é cheia de respostas sobre o amor e um dos mestres do pensamento foi Platão. Talvez o mais influente pensador de toda a história. Pai fundador da filosofia, logo nos lembramos que ele falou de amor, já que mencionamos sempre o tal amor “Platônico”. Platão o descreveu em um de seus diálogos, que somados são trinta e cinco. Filosofava pela boca de Sócrates, como personagem que definiu em um banquete o amor de forma que tal definição atravessasse os séculos e chegasse aos nossos dias. Por óbvio não usava a palavra amor e sim o termo grego “eros”, que é raiz de vocáculos como: erotismo e erótico. Sendo assim, compreendemos filosoficamente que amar é desejar!

Se amor e desejo são a mesma coisa, amamos o que desejamos e desejamos quem amamos. O problema então é que se o desejo acabou, a consequência é que o amor também acabou. Você, que já levou um pé na bunda, sabe que a pessoa ao fazer isso geralmente justifica com um monte de desculpas. As mais usadas dão conta de que o outro acha que merecemos alguém melhor ou que prefere dar um tempo, pois não está preparada. No fundo, o motivo de não querer, acredito que seja a falta de atração e falta de desejo. Quando acaba o “eros”, esquece meu filho!

O dilema é como manter tudo isso então em um mundo de tantas pessoas e tantos estimulos, em que a monogamia tem se tornado quase um clichê antiquado na boca dos jovens e que nos desacostumamos a consertar as coisas como se os relacionamentos simplesmente fossem como um objeto que, ficando velho, jogamos ou substituímos. Se você descobriu uma maneira, reflita leitor e me envie por e-mail sua conclusão ou análise.

Fato é que fica a certeza de que por mais chuvoso que seja um dia, por mais dificil que seja a vida, por mais banal que sejam as relações, por mais anos que tenham se passado desde o início do pensamento, as pessoas continuam precisando umas das outras e carecendo amar e ser amadas e percebendo que é com amor que a vida fica melhor.

 

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”