Às vezes, tudo o que a gente precisa é olhar para cima. Parece simples, mas é raro. No meio da correria, das tarefas acumuladas e das notificações que apitam sem parar, quase esquecemos que o céu existe. E ele está lá, sempre esteve e sempre estará. Basta levantar os olhos. As estrelas me ensinaram isso. Elas me ensinaram que mesmo em noites escuras, existe luz. Mesmo quando tudo parece sombrio e confuso, há sempre um ponto de esperança brilhando em algum lugar.
As estrelas me lembram que até os instantes mais silenciosos podem carregar brilho e mistério. Nem tudo precisa ser barulhento para ser forte, nem grandioso para ser eterno. Elas brilham de um jeito tímido, mas profundo. Não fazem alarde. Apenas estão. E só quem desacelera um pouco consegue notar. Elas existem em silêncio, sem precisar provar nada. E ainda assim tocam quem as observa.
Aprendi também que o brilho das estrelas não é imediato. Algumas já se apagaram há séculos, mas sua luz ainda viaja pelo tempo para chegar até nós. É como se dissesse “tudo o que é verdadeiro deixa rastro”. O que foi vivido com amor segue brilhando, mesmo depois do fim. Isso me emociona. Me faz pensar em todas as pessoas, gestos e palavras que nos alcançam mesmo depois de muito tempo.
O que é verdadeiro nunca desaparece de verdade. De alguma forma, continua acendendo lampejos dentro da gente.
Também aprendi com elas sobre a beleza que só o escuro manifesta. Durante o dia, quando tudo está claro demais, não conseguimos vê-las. Às vezes, é preciso deixar os olhos se acostumarem à escuridão para enxergá-lo. Afinal, é no escuro que o brilho se revela. E assim também é com a alma: há verdades que só aparecem quando o coração silencia, quando a noite chega. Nem toda escuridão é ausência, às vezes é palco.
E elas me ensinaram a confiar no invisível. Que mesmo quando a gente se sente pequeno, faz parte de algo imenso, bonito e misterioso. Aprendi que a maior parte do universo está escondida aos nossos olhos, mas nem por isso deixa de existir.
Grande parte do que existe no céu está longe demais para ser alcançado, mas ainda assim influencia os ciclos da Terra – as marés, os ventos, até mesmo os nascimentos. Há forças que agem sem serem vistas. Como a oração. Como o amor. Como aquilo que a gente sente, mas não consegue explicar.
Assim é a fé, assim são os laços que nos unem além do que se vê.
E, talvez o mais bonito, é que elas me ensinaram que o céu não está apenas acima. Está dentro. Porque toda vez que olho para o alto as estrelas acendem uma lembrança antiga – de que, mesmo frágeis, também fomos feitos para brilhar. Somos luz!
E eu prefiro viver assim, sei que sou mais feliz desta forma… cultivando silêncios que iluminam por dentro e permitindo que a vida me surpreenda como o céu numa noite estrelada. A você, caro leitor, desejo que
nunca deixe de olhar para cima – e, também, para dentro. Que mesmo nas suas noites mais escuras, alguma estrela siga acesa em você.
Drielli Paola – @drielli_paola. Servidora Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo. Bacharel em Direito, com pós-graduação e extensões universitárias na área jurídica. Entusiasta de psicologia, história, espiritualidade e causa animal. Apaixonada pela escrita.