Cabelo

Cortar o cabelo sempre foi uma questão complicada para mim. Afinal, sempre odiei a ideia de ter um cabelo curto demais, ao mesmo tempo em que um cabelo grande também me incomoda. Para mim, o ponto ideal é aquele meio-termo, quando o cabelo já passou da fase de recém-cortado, mas ainda não chegou a ponto de perguntarem “há quanto tempo você não corto cabelo mesmo?”. Infelizmente, cabelo cresce e o meio-termo não dura por muito tempo.
Lembro até de chorar, quando criança, ao ser obrigado a cortar o cabelo. Certo dia, minha mãe me levou a um cabeleireiro que, por algum motivo, fez em mim um corte diferente, que estava na moda na época, mesmo que o pedido tivesse sido apenas um corte normal. O resultado foi que fiquei dias e dias usando boné até mesmo dentro de casa.
Quando cresci e passei a ter mais autonomia capilar, decidi que cortaria apenas durante o período de férias. No dia 15, de preferência. A minha teoria era a de que, se eu cortasse no exato meio do mês, quando as aulas voltassem, o cabelo já estaria no meio-termo, perfeito. Além disso, teria tempo para me acostumar com o corte, já que não gostava muito do cabelo logo que ele era cortado. Acontece que essa teoria nunca foi muito eficaz e, na única vez que saí do cabeleireiro satisfeito com o resultado, não consegui mostrá-lo a ninguém: os 15 dias se passaram e, quando voltaram as aulas, o cabelo já havia retornado ao tamanho anterior.
Esse ano as coisas mudaram. Já cortei o cabelo quatro vezes, o que é um número impressionante para quem se dispunha a cortar apenas de 6 em 6 meses. A questão não é apenas o comprimento. Cabelo, assim como roupas, tatuagens, perfumes, pode ser um meio de expressão, uma forma de mostrar o mundo sua personalidade. O importante é estar feliz com o que vê no espelho, não para mostrar aos outros, e sim a si mesmo; e por que não arriscar, tentar coisas novas? Afinal, felizmente, cabelo cresce.