A crise econômica que perdura no País, desde o terceiro ano do primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, atingiu diretamente os orçamentos das cidades brasileiras. Com perdas na arrecadação de impostos diretos e queda acentuada nos repasses, os prefeitos ficaram literalmente de pires na mão. E nem adiantou buscar socorro nas esferas estadual e federal, pois elas também estão no vermelho.
Os prefeitos que estão de saída, como é o caso de Márcio Pampuri, passaram os últimos 18 meses com a água chegando ao pescoço, sem dinheiro para investimentos e forçados a cortar na própria carne. Pampuri, aliás, alertou por meses a fio que a situação era grave e lá atrás reduziu a folha de pagamento com a demissão de funcionários em cargos comissionados. Logo após as eleições, repetiu a dose. E as medidas de austeridade tomadas pelo prefeito também chegou aos seus salários e aos dos secretários, que foram reduzidos.
Próximo de passar o bastão ao prefeito eleito, Pampuri está de olho no caixa e conta centavos. Isso proporcionou a Mairiporã não figurar no rol de municípios que não conseguem honrar seus compromissos com fornecedores e principalmente com os salários dos servidores. O atual governo pagou em dia os salários e 13º nas datas correspondentes e espera terminar o ano dessa forma.
É esse o quadro, sem dinheiro, que o prefeito eleito vai encontrar ao assumir o Palácio Tibiriçá em 2017. Promessas de campanha, projetos imaginados e sonhos acalentados são absolutamente incompatíveis com o orçamento municipal do ano que vem e com aquilo que se poderia esperar de Estado e União. O nível das promessas eleitorais de quem ganhou é preocupante diante da escassez absoluta de recursos. O orçamento para 2017, que está na Câmara para ser votado, se descontada a inflação, será menor que o deste ano, que se mostrou insuficiente para as necessidades de Mairiporã.
A pergunta, passado o frenesi da eleição, é como os eleitos (prefeito e vereadores) vão conseguir solucionar questões crônicas da cidade, como a falta de vagas em creches, problemas de saúde, principalmente falta de remédios e médicos e agendamentos de consultas e exames, a precária mobilidade urbana e a assustadora falta de segurança.
Claro que os problemas orçamentários não são exclusivos da Prefeitura de Mairiporã. Estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que das 3.155 prefeituras que informaram a situação de suas finanças ao Tesouro Nacional, 2.442, ou 77,4% delas, estão com as contas no vermelho e a situação tende a piorar até o final do ano, com a queda contínua da arrecadação.
As promessas de campanha vão dar lugar, obrigatoriamente, à criatividade, e mais que isso, à busca por milagres que possam fazer a máquina administrativa municipal atravessar, mesmo que a passos de tartaruga, tempos de vacas magras que ainda prometem longevidade.