Atenção

Momentos como o que vivemos nos fazem prestar atenção em coisas que não prestávamos antes. Política, por exemplo, existe desde sempre. Complicada e difícil de entender, tanto que, quando não estamos no centro de um caos, preferimos ignorar. Há coisas mais divertidas para direcionar o foco – e há mesmo. Até que um furacão de informações e acontecimentos nos obriga a prestar atenção.
O outro também existe desde sempre. Divide o banco do ônibus com a gente e nem decoramos sua cara. Não sabemos seu nome, sua idade e nem suas condições de saúde. Até que chega uma doença que ameaça a todos e nos obriga a prestar atenção.
Longe de mim querer promover algum discurso que ao menos chegue perto do “lado bom de tudo isso”. Não há lado bom na quantidade de vidas perdidas. Mas o que esses momentos, que ninguém espera, têm a nos dizer sobre nós mesmos, sobre quem somos e o que fazemos? Sobre as decisões que tomamos e como vivemos em sociedade?
A verdade é que o caos não começou agora. Coisas como violência, segregação, preconceitos, corrupção e problemas sanitários que colocam em risco a vida de pessoas não são de hoje. Contudo, às vezes, chegam em um limite que nos obriga a encarar cada um desses problemas nos olhos.
O que vemos? Nossos próprios reflexos. Adianto: não são bonitos como muitas vezes imaginamos que eram. E os erros gritam alto – tão alto que não dá para fingir que não os escutam. O fato é que não podemos mudar aquilo que não prestamos atenção.
De todas as vezes que a humanidade já foi obrigada pelas circunstâncias a mudar as coisas, que essa seja a efetiva.