Quando os meios de comunicação no Brasil começaram a se expandir, em velocidade semelhante à da luz e aliados ao avanço da tecnologia, órgãos institucionais passaram a gostar da exposição junto ao público, principalmente através da televisão, e também nas redes sociais. Isso englobou os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Quem não se lembra do impeachment do então presidente Fernando Collor e a sua última descida pela rampa do Palácio do Planalto. Tempos depois, o de Dilma Rousseff, em que os deputados patrocinaram o mais degradante espetáculo televisivo de todos os tempos.
O Judiciário também se mostra afeito à mídia e o Supremo Tribunal Federal (STF) não se faz de rogado ao perscrutar ações que vão da inconstitucionalidade até eventos como ‘roubo de galinha’.
O mais recente ‘programa mundo cão’, podemos assim classificar, é a CPI da Pandemia, que rola nestes dias no Congresso Nacional. Deputados colecionadores de acusações e processos de malfeitos, até recentemente taxados de corruptos, agora surgem travestidos de paladinos justiceiros em busca de punir eventuais malfeitores.
José Simão, conhecido colunista, tem razão quando diz que o Brasil é o ‘País da Piada Pronta’. Políticos esculhambados, achincalhados, investigados e presos nos últimos anos agora são ‘juízes’ de outros. Cômico seria, não fosse trágico.
Onde vai dar tudo isso é difícil imaginar, pois os políticos de Brasília são os mais difíceis de se conhecer, pois falta-lhes transparência. Ora são governistas, ora oposicionistas, ora coisa nenhuma, ou como diz o escritor português José Saramago, ‘Não são nem de direita, nem de esquerda, nem de coisa nenhuma, são um bando de salafrários que se reúnem para roubar juntos’.
Essa CPI da Pandemia é, sem dúvida, mais uma página negra da história política da Nação. Mas quem está preocupado com isso?
Já dizia Ulysses Guimarães que “sabe-se que a maioria das CPIs desgastam os poderes, consomem recursos, geram conflitos e às vezes até negócios nada republicanos – e “acabam em pizza”. A cereja do bolo dessa CPI foi o autor da propositura: o Supremo Tribunal Federal.
Tempos sombrios esses vivenciados pelos brasileiros. Se a pandemia do coronavírus mata, os políticos brasileiros também!