Acordado que se realizam os sonhos

A natureza dos sonhos aproxima pessoas pela curiosidade. Afinal, compreensão onírica ao longa da história movimenta muito da imaginação. O consciente refletindo as razões do inconsciente encontra razões religiosas e cria mitos.
Desde criança ouço sobre porque sonhar com água suja, com dinheiro, com sei lá o quê. É sempre a necessidade humana de encontrar respostas. Outro dia escrevi aqui sobre ter e não ter. No contraste entre ter e o não ter se encontra o valor daquilo que não tinha.
Muito interessante como a importância humana se dá por contraste. Se os sonhos respondessem as perguntas todas, seria fácil dar o próximo passo. A vida teria manual como em um jogo.
Os antigos oráculos eram chamados também de hipócritas por interpretar sonhos. Com o tempo a palavra passou a ser atribuída com esse significado de pessoa mascarada, isto é: que não é o que parece ou que não pratica o que diz.
O duro para mim era sonhar que alguém morreu. Minha mãe dizia que era bom, pois representava saúde. Ruim era acordado ver o Anu-preto no muro. Nesse caso alguém iria morrer, segundo minha mãe. Como quase todo dia morria alguém conhecido, nunca consegui ter certeza se era culpa do Anu.
Eu sempre falo de sonhos realizados, por ser orador nos casamentos. Os grandes sonhos estão sempre ligados ao amor. Infelizmente há muitas idealizações, o que não é positivo, já que não existe a pessoa ideal e sim a pessoa certa.
Para falar de amor é preciso relacionar que é mesmo como fogo que não se explica, chama que arde sem pedir licença. Amor não se contenta em apenas aquecer, quer consumir por inteiro, arrancar da alma tudo aquilo que é pequeno e deixá-la vestida só de verdade. Amar é permitir que a vida nos atravesse sem reservas, sem máscaras e sem muros. É a entrega sem cálculo e a coragem de se perder para enfim se encontrar.
Perder para ganhar é uma equação complexa a ser aprendida na convivência com o outro, principalmente no casamento. Essa faca de dois gumes, traz a alegria mais intensa, mas também o sofrimento mais fundo. Porque amar é se despir da própria armadura e ficar vulnerável diante do outro. É aceitar que o coração, ao mesmo tempo que floresce, possa sangrar.
O amor não vem para adormecer, ele vem para despertar e despertar dói. Sei que te parece clichê, caro leitor. Fato que devo estar inspirado, mas ainda assim, não há nada que dê mais sentido a existência que o amor correspondido.
O amor é o vento que move os barcos, é a seiva que sustenta as árvores, é o que faz cada instante ganhar peso de eternidade. Quem ama sabe que não vive em vão. O amor é a ponte entre o humano e o divino, o milagre que se repete todos os dias e nunca se esgota. Amar acordado é melhor que sonhar ou buscar respostas para as negativas e falta de atração, colocando a culpa no inconsciente, como se dormir fosse abrir as portas para sinais.
Quando a felicidade bate à porta e a gente consegue colocar amor no que faz, acaba a barganha. Amor não aceita ser domado, não atende a pedidos e pouca lógica a gente encontra. Já achei que o tinha perdido e, no entanto, estava ganhando tanto. A espera vale a pena e me parece que Deus permite os sofrimentos para testar a nossa fé. Estou ainda a caminho e sei que nada está ou estará pronto, mas que valeu a pena, isso valeu!

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”