Fico impressionado como virou moda fomentar conteúdo para ‘internet’ em cima de bobagem. Está faltando assunto. Quase ninguém lê um parágrafo até o fim. Se você está lendo esse artigo, é um diferenciado amigo leitor. Provavelmente você não esteja no grupo ao qual me refiro. O time de pessoas que não investe um real para aprender alguma coisa que preste, no entanto gasta dois mil reais em um aparelho celular para postar na rede social discussões sobre aspectos políticos, esportivos, religiosos e morais, dos quais conhece, se que é posso dizer isso, mas de modo raso e limitado.
A leviandade está instituída e o sujeito que só sabe escrever o próprio nome, isto é, analfabeto funcional, discute qualquer assunto, como um especialista. Justiceiros e descobridores da roda se acumulam por trás das máscaras do interesse de quem ficou de fora da festa e no fundo sonha com o poder que desdenha, vendo este nas mãos de outros.
Interessante os verborrágicos colocando etiqueta de politicagem em ações que ele próprio não teria a menor competência de fazer nem a metade.
Na política vão surgindo figuras que não constroem nada, não fizeram quando podiam e que saem apontando aleatoriamente, como um tiroteio a disparar para todo lado, para ver se pega.
É a política do assunto para tentar um pouco de audiência no desespero de não cair no esquecimento, já que no mundo liquido, de que tanto fala ‘Bauman’, tudo é muito transitório e uma modinha logo substitui a outra. Sorte que os jornais ficam velhos e os de ontem enrolam os peixes, frutas e hortaliças.
O universo dos ‘likes’ pede suas ‘lives’ sem responsabilidade com a missão de incendiar o que puder. Quanto mais polêmica, melhor. O cara leva a cesta básica na porta da favela e faz uma ‘selfie’ para postagem e vai embora sem ao menos ter dado um abraço nos moradores que sofrem não apenas da dor no estomago vazio, mas da dor mais profunda que se pode encontrar no ser humano: a de sensação de vazio de quem não tem voz e poder para que seu grito tenha alcance.
No princípio era o verbo e o verbo se encarnou para que o mundo entendesse que as palavras movem e os exemplos arrastam.
Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb