A felicidade em escrever

Escrever é, muitas vezes, um encontro – com o mundo, com as palavras e, principalmente, comigo mesma. Tem gente que borda com linha e agulha. Eu bordo com palavras. Toda semana, quando me sento para escrever minha coluna, é como se eu puxasse uma cadeira imaginária para o leitor e dissesse: “Senta aqui, tenho umas ideias fresquinhas para dividir”.
Escrever é ter um lugar para guardar o que dói e o que encanta. É dar abrigo a memórias, criar pontes com o outro, lançar âncora em meio ao caos. É uma forma de oração, de resistência, de afeto. Escrevo porque preciso. Porque me cura. Porque me revela. E porque, às vezes, é uma forma de existir com mais verdade.
Há quem escreva por profissão, quem escreva por hábito, quem escreva por necessidade. E há aqueles que escrevem por puro encantamento. Eu, talvez, pertença a todos esses grupos, dependendo do dia. Mas, em todos eles, mora uma pequena alegria: a de transformar pensamento em forma, sentimento em frase e silêncio em sentido.
Comecei por aqui tomada de alegria e entusiasmo. Completamente grata pela oportunidade, iniciei com intuito de trazer a público aquilo que sempre me transbordava a alma. Queria compartilhar um pouco da forma como prefiro viver e daquilo que me deixa mais feliz. Confesso que por vezes duvido um tanto de mim e do processo. Achava que minha coluna alcançasse, no máximo, uma dúzia de pessoas – o que para mim já seria mais que suficiente. O importante mesmo era chegar a alguém, nem que esse alguém fosse eu mesma.
Mas o que me surpreendeu nessa jornada, que ainda está só no começo, é o alcance que esse espaço tem. São quase 5 mil acessos mensais – isso só no site. A responsabilidade e cuidado aumenta junto com os números, não só pela atenção com a gramática, mas, principalmente, com o impacto que geramos nos leitores.
É grande a emoção e gratidão quando recebo retornos como “esse texto era o que mais precisava no momento”. Isso me aquece o coração e me dá impulso para continuar a falar, falar e falar – ou melhor, escrever, escrever e escrever!
Escrever essa coluna é como preparar um café passado na hora para alguém querido – mesmo sem saber exatamente quem vai beber. É como colocar flores numa janela por onde passam pessoas que talvez estejam precisando de beleza, de consolo, ou só de um motivo para sorrir.
Há um cuidado em cada palavra, uma intenção em cada pausa. É o exercício de olhar para o mundo e escolher, dentre tantos ruídos, o que merece ser dito com delicadeza.
Às vezes escrevo com a memória, às vezes com o coração. E, em dias de sorte, escrevo com os dois. Tem coluna que nasce de uma conversa despretensiosa, outras surgem de uma lembrança antiga ou de um silêncio cheio de sentido. Em comum, todas trazem um carinho escondido, seja nas entrelinhas, seja no desejo sincero de tocar quem lê. E se, por acaso, alguma palavra minha fizer companhia a alguém num dia difícil, então já valeu a pena. Talvez o leitor nunca saiba o quanto pensei nele. Mas eu sei. E isso basta.
E como vocês já sabem, eu prefiro viver assim – sei que sou mais feliz desta forma… encontrando na escrita uma alegria e um modo de dar sentido ao que se passa dentro de mim, sempre com o desejo sincero de tocar quem lê e ser tocada de volta. E a você, caro leitor, deixo meu agradecimento por me permitir entrar no seu dia, mesmo que só por um instante. Obrigada por estar aqui, por ler, por existir junto comigo nesta jornada delicada e cheia de encantos.

Drielli Paola – @drielli_paola. Servidora Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo. Bacharel em Direito, com pós-graduação e extensões universitárias na área jurídica. Entusiasta de psicologia, história, espiritualidade e causa animal. Apaixonada pela escrita.