Algodão

A expectativa no primeiro domingo mais tranquilo das últimas três ou quatro semanas era passar as horas assistindo alguma produção profunda, robusta. Um documentário, daqueles que você precisa parar e prestar atenção, algo sobre a história do mundo, guerras, grandes acontecimentos. Comecei a assistir um ou outro, mas meu cérebro não conseguia se desvencilhar da vontade de assistir episódios de uma série infantil.
Tentei focar. Afinal, é bom que o tempo ocioso seja gasto com algo que traga algum aprendizado, não? De tempos em tempos, a atenção ia para o celular, para o teto, para tudo, menos para a tela. O que fazer? Tentar ler um livro era uma opção. Mas quando dava por mim estava assistindo vídeos de comédia nas redes sociais. Fazer alguma coisa relacionada a algum compromisso de trabalho? Logo já tinha esquecido o que era.
Resolvi abrir mão. Liguei o streaming na série infantil e passei o dia inteiro assistindo. Já era de noite quando parei para tomar um banho, ler alguma mensagem.
“Dia perdido”, pensei. Talvez não. Dia ganho! A frequência de atividades na qual entramos no dia-a-dia faz com que nos sintamos inúteis assim que dedicamos um tempo para fazer alguma coisa besta, que não necessariamente agregue alguma coisa. Mas nada mais justo do que se permitir relaxar e dar algumas boas risadas com um programa de criança.
De vez em quando, no meio do caos, é necessário parar, sem se culpar por isso, e dar espaço para aqueles momentos que já deixamos para trás.