Quando a ciência sussurra beleza

Há figuras que parecem nascer com uma missão silenciosa. Sérgio Sacani é uma dessas. Se você não conhece, recomendo uma breve busca por vídeos em quaisquer destes aplicativos sociais. Ele fala de Lua, estrelas, buracos negros e planetas distantes como quem conta histórias da vizinhança – e, de alguma forma, são mesmo. Afinal, somos todos vizinhos num mesmo bairro cósmico.
E se tem algo que torna Sérgio Sacani ainda mais especial é sua trajetória. Engenheiro geólogo, pesquisador obstinado, comunicador incansável, ele transformou paixão em ofício e ciência em linguagem acessível. Criou um dos maiores canais de astronomia do país, conquistou uma comunidade fiel e mostrou que não é preciso estar em um observatório de ponta para ter brilho próprio – basta ter curiosidade e coragem para dividir o que se sabe. Sacani é, acima de tudo, alguém que acredita que conhecimento é ponte, não pedestal.
O que me encanta nele não é apenas o conhecimento (que ele tem de sobra), mas a forma como nos devolve o hábito de olhar para cima. Numa época em que o mundo pesa sobre os ombros, ele insiste em levantar nossos queixos e dizer: “Calma. Existe muito mais lá fora.” E existe mesmo.
Desde criança, sempre tive a sensação de que o céu à noite era um tipo de abraço silencioso. Lembro de ficar olhando para as estrelas tentando entender por que algumas brilhavam mais, como se houvesse uma conversa secreta acontecendo lá em cima. Cresci, a vida apertou, o tempo correu, mas o encantamento permaneceu – e, de certa forma, se renovou quando encontrei o conteúdo do Sacani. Ele não apenas explica o céu. Ele devolve aquele brilho que eu achava que só a infância era capaz de enxergar.
E o mais curioso é como, no meio dessa poesia cósmica, ele sempre entrega dados científicos que impressionam. Fala da idade da Lua como quem conta a biografia de uma velha amiga de 4,5 bilhões de anos. Explica com naturalidade por que Marte já teve rios correndo em sua superfície. Mostra a violência serena dos buracos negros, os ventos solares que viajam a milhões de quilômetros por hora e a dança precisa dos planetas ao redor do Sol. Ele transforma números gigantes em histórias compreensíveis e é impossível não se sentir parte de tudo isso.
Ele nos ensina que ciência não é distante, é íntima.
Cada cratera lunar é um lembrete de que impactos doem, mas moldam.
Cada cometa é uma visita surpresa, dessas que bagunçam a agenda, mas iluminam a noite. Cada estrela que explode é um fim que vira começo, porque no cosmos nada morre sem antes virar outra coisa.
Talvez seja por isso que tanta gente o acompanha: porque, entre números e descobertas, ele entrega esperança sem prometer. Não é otimismo forçado, não é discurso motivacional. É só verdade. A verdade de que fazemos parte de algo muito maior, que viver é, em si, um fenômeno extraordinário. No fim das contas, é isso que Sacani faz, não apenas divulgar astronomia, mas devolver encantamento. Com seu jeitão tranquilo e firme, ele nos lembra que tem um universo inteiro lá fora, esperando para ser sentido.
E eu prefiro viver assim, sei que sou mais feliz desta forma… permitindo que o céu me lembre, todos os dias, que nada é pequeno demais quando visto com encantamento. E a você, caro leitor, desejo que encontre também o seu próprio horizonte de luz, aquele que acalma, inspira e faz a vida brilhar um pouco mais.

Drielli Paola – @drielli_paola. Servidora Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo. Bacharel em Direito, com pós-graduação e extensões universitárias na área jurídica. Entusiasta de psicologia, história, espiritualidade e causa animal. Apaixonada pela escrita.