“Tudo o que nasce, morre; tudo o que morre, floresce em outro sentido.” (Friedrich Nietzsche)
A “Dama de Ferro”, como ficou conhecida Margaret Thatcher, foi uma das mulheres mais influentes do século XX. Comandou um país, enfrentou guerras e crises, tomou decisões que mudaram o rumo da história. Símbolo de poder e firmeza, parecia inabalável. Mas tempo, esse escultor invisível também chegou para ela. Já no fim da vida, sentada em uma cadeira de rodas, tornou-se o retrato silencioso de uma força que precisou repousar. A imagem, mais do que biográfica, é universal: *fala de todos nós*, de quem um dia conduz, decide, faz… e depois precisa apenas observar.
Há um instante na vida em que o corpo começa a pedir calma. Às vezes é uma vista que já não enxerga tão bem a estrada, e dirigir passa a ser um risco. Outras vezes, é a mão que treme ao cortar os legumes e cozinhar que antes era prazer vira desafio. Há quem precise entregar as chaves, a direção ou o comando do fogão. São gestos simples, mas carregados de significado. Cada um deles marca o momento em que a vida muda de ritmo, convidando-nos a uma nova forma de existir.
Nessas horas, o orgulho costuma lutar contra a aceitação. Afinal, fomos criados para produzir, resolver, fazer e acontecer. Mas há uma sabedoria silenciosa em aprender a ser sem fazer. Quando a rotina desacelera, surge o espaço para outras presenças: ouvir mais, ensinar, aconselhar, partilhar o tempo com leveza. É nesse recomeço que muitos descobrem que *a utilidade não termina com a limitação* apenas se transforma.
A Dama de Ferro já não discursava, mas sua voz permanecia. Assim também é conosco: quando o corpo silencia, a alma assume a fala. Na psicologia, aprendemos que a finitude é um convite ao sentido e como dizia Viktor Frankl, até na perda o ser humano pode reencontrar propósito. E é justamente quando o corpo cede que a nossa essência começa a ocupar o centro do palco: é ela quem passa a conduzir a história.
Vivemos em um tempo que exalta a produtividade e teme o envelhecer. Mas o fim não é falho é forma. Há beleza em quem aceita a pausa não como derrota, mas como parte natural da vida.
Reflexão — Não poderia deixar de citar nosso advogado e amigo Dr Jurandir, que sempre faz boas colocações dos nossos textos abrindo margem para pensar e meditar, esse tema de hoje foi ele que trouxe a luz, muito obrigado!!! Um dia, todos nós teremos que entregar o volante, a caneta ou a panela. Mas isso não é perder: é apenas reinventar o modo de seguir, viver e ser feliz…
Raphael Blanes: Servidor Público Municipal, formado em Filosofia, Gestão em Saúde Pública, Técnico em Vigilância em Saúde com ênfase no Combate às Endemias, Gestão Hospitalar, Saúde Única (One Health), RH e Desenvolvimento de Equipes e graduando em Psicologia. Instagram: @raphaelblanes – Email: blanes.med@gmail.com.