O Sistema Cantareira, segundo dados divulgados ontem pela Sabesp, volta a apresentar um cenário de escassez semelhante ao registrado na crise hídrica de 2014. Com apenas 21,7% do volume total armazenado, o manancial que abastece a maior parte da Grande São Paulo, parte do ABC e municípios do Interior atingiu a faixa 5 (especial) do Portal dos Mananciais – a última antes do nível crítico. Ao entrar nessa faixa, a retirada de água fica limitada a 15,5 m³ por segundo.
O SIM (Sistema Integrado Metropolitano), formado por sete reservatórios que atendem a Região Metropolitana, também apresenta quadro preocupante: 26,6% da capacidade, contra 45,1% no mesmo período do ano passado.
Desde agosto, a Sabesp reduziu a pressão da água na Grande São Paulo por oito horas diárias (das 21h às 5h); semanas depois, ampliou para dez horas, das 19h às 5h. A medida tenta conter o consumo diante da falta de chuvas – que não se confirmou em novembro. Até ontem, foram registrados apenas 96,1 mm, contra 139,1 mm em 2024: queda de 31%. A média histórica é de 150,6 mm.
O Cantareira armazena hoje 212,91 milhões de m³; há um ano, o volume era praticamente o dobro (445,44 milhões de m³).
Apesar da privatização da Sabesp neste ano, a política hídrica da companhia não demonstra, até o momento, avanços concretos em ações estruturais ou preventivas. Os órgãos responsáveis afirmam seguir acompanhando a situação e adotando protocolos técnicos, mas o fato é que faltaram medidas antecipatórias no primeiro semestre, e o atual cenário de baixa recuperação dos reservatórios reforça a vulnerabilidade do abastecimento e a insegurança para os consumidores. (Salvador José/CJ – Foto: EBC/Arquivo)