Milagres eleitorais

A aproximação das eleições gerais, agendada para 2026, tem o poder, antes apenas divino, de realizar milagres de toda natureza, principalmente nas áreas social e econômica.
Em busca da reeleição, o atual presidente petista tem atirado para todos os lados para ver se consegue acertar a equação que possa lhe garantir a vitória em outubro do ano que vem.
Dentre as muitas alquimias, mágicas e promessas mirabolantes, surgiu a que propõe a implementação do sistema de transporte gratuito para todo o Brasil. Isso mesmo, caro leitor, andar de ônibus não vai mais onerar o bolso de quem usa transporte coletivo, especialmente o da classe trabalhadora. E a economia será de grande monta.
Sobre o tema, especialistas realizaram um levantamento que revelou o custo para que essa benevolência presidencial ocorra literalmente. Segundo o estudo, serão necessários R$ 100 bilhões anuais para que todo e qualquer cidadão ande de ônibus sem pagar. Mesmo com cifra expressiva, isso não seria entrave, segundo os mesmos especialistas, e serviria de parâmetro para definir arranjos institucionais e orçamentários.
Inúmeras cidades já praticam a ‘tarifa zero’, que demonstra viabilidade, pois depende menos do montante absoluto e mais da construção de mecanismos que sustentem o financiamento.
De outra parte, essa inicial análise que não enxerga tantas dificuldades na implantação, irá gerar debates até encontrar dinheiro que garanta a universalização sem que isso comprometa a sustentabilidade fiscal.
Dentro do governo, já existem alternativas em estudo para conseguir levar o transporte gratuito a todos os brasileiros, dentre elas a revisão da política do vale-transporte, redistribuir a arrecadação de multas de trânsito, além, claro, dos incentivos à cadeia produtiva do setor e a taxação de veículos particulares ou de aplicativos de carona remunerada.
Outra alternativa que pode ser incluída é a substituição do atual desconto proporcional ao salário para uma contribuição fixa ao fundo de mobilidade (sugerida no estudo do governo), opção que aparece com potencial de assegurar estabilidade financeira a esse sistema.
Esse novo milagre petista precisa de aceleração, pois o ano está chegando ao fim e as eleições estão às portas. De outra parte, é bem possível que ‘novos’ milagres sejam anunciados como forma de garantir não só a reeleição, mas a continuidade sempre ansiada pelos políticos, de manter maioria no contingente imensurável de incautos (idiotas).
Isso nos remete a uma frase de Nelson Rodrigues, “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.”