“Ó Senhora do Desterro, confiança do mortal, esperamos como filhos seu carinho maternal.”
No dia 15 de setembro, Mairiporã se veste de fé e tradição para celebrar sua padroeira, Nossa Senhora do Desterro, junto com São José. Mais do que um feriado, essa data é um marco espiritual e cultural que atravessa gerações, fortalecendo nossa identidade como comunidade.
A devoção a Nossa Senhora do Desterro tem origem na passagem bíblica em que Maria, José e o Menino Jesus, guiados por Deus, fogem para o Egito para escapar da perseguição de Herodes (Mt 2,13-15). Esse episódio nos mostra uma família simples, obrigada a enfrentar o deserto, a incerteza e o medo, mas sustentada pela confiança plena na providência divina. Maria nos ensina que mesmo no desterro é possível encontrar esperança e proteção.
Cada um de nós também conhece seus “desterros”: a perda de um emprego, a luta contra a doença, a saudade de quem partiu, os desafios de sustentar a família em tempos difíceis. São desertos cotidianos, mas que encontram eco na história da Sagrada Família. E, assim como eles, não estamos sozinhos: é na fé e no caminhar juntos que descobrimos força para seguir adiante.
Aqui em Mairiporã, essa fé se traduz em novenas, missas e procissões, que unem corações. Mas vai além disso: manifesta-se também no trabalho silencioso dos leigos e voluntários, que dedicam tempo e talento para preparar cada detalhe da festa e animar a espiritualidade da comunidade. É um esforço coletivo, marcado pela simplicidade, pelo carinho e pela acolhida dos nossos padres Epifânio e Filé, que nos ajudam a caminhar juntos.
As pastorais e movimentos da Igreja refletem o espírito da padroeira: acolhem os pobres, visitam os enfermos, apoiam famílias crianças e jovens, amparam os mais necessitados. No silêncio do serviço comunitário, cada gesto de solidariedade torna-se também um modo de vencer o desterro. Celebrar a padroeira é celebrar também a vida comunitária.
Mesmo aqueles que não são católicos reconhecem o valor humano dessa festa: ela expressa o desejo de viver em fraternidade, de partilhar esperanças e de cultivar valores de solidariedade e amor.
Reflexão – Neste 15 de setembro, que possamos contemplar o exemplo de Maria e José no desterro e encontrar inspiração para enfrentar nossas próprias dificuldades com coragem e confiança. Que Nossa Senhora do Desterro continue a acolher cada filho desta terra, transformando nossas casas e nossa cidade em lugares de paz, esperança e fraternidade.
“E, tendo eles se retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José num sonho, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. (MATEUS,2:13)
Raphael Blanes é Servidor Público Municipal, formado em Gestão em Saúde Pública, Técnico em Vigilância em Saúde com ênfase no Combate às Endemias, especialista em Gestão Hospitalar, graduando em Filosofia e Psicologia. Instagram: @raphaelblanes Email: blanes.med@gmail.com.