Água mole em pedra dura…

A construção da praça de pedágio em Mairiporã, em plena região urbana, foi enfiada goela abaixo da população, com a conivência das autoridades municipais: prefeito Antônio Aiacyda e o colegiado que formava na Câmara de Vereadores. Assistiram impassíveis as ações da ANTT e a OHL, empresa que venceu a licitação para ser a concessionária da Rodovia Fernão Dias, sem esboçar qualquer reação.
À época, a grita da população foi sufocada pelas ‘autoridades locais’ e a praça de pedágio foi construída onde se encontra até hoje, prestes a completar 20 anos. O que resultou disso é que boa parcela dos moradores é obrigada a pagar tarifa para ir de um bairro a outro, dentro do próprio município.
Paralelamente, a concessionária também deixou de cumprir com aquilo que foi preconizado e prometido à época, restando problemas de toda natureza como passarelas, acessos, iluminação e falta de infraestrutura para melhorar a vida dos mairiporanenses.
Desde que foi anunciada a consulta pública para renovação do contrato da rodovia, no mês passado, o prefeito Aladim tem se desdobrado em cobrar das autoridades federais mudanças no novo compromisso, que terá duração de mais 15 anos. E não tem economizado nas críticas em relação à praça do pedágio onde ela foi implantada.
Nas últimas semanas foi duas vezes a Brasília, onde conversou com o ministro dos Transportes e com a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mostrando inconformismo com a situação e cobrando medidas que levem à retirada do pedágio.
Como tudo na vida tem dois lados, além das portas, claro, alguns dos nossos políticos têm se aproveitado da situação para entrar em cena como árduos defensores das causas populares. Alguns deles estão de volta à Câmara, local em que estavam e de onde assistiram, quietos e calados, de forma condenável, a instalação do pedágio em 2007. Outros, cordatos com os passos dos ancestrais, posam agora de bons moços e paladinos da comunidade.
A expectativa da população é que a briga contra o pedágio, inglória para o município diante da grandiosidade do governo federal e de empresas gigantes, resulte em benefício, pois pagar pedágio para transitar dentro da própria cidade é mais que injusto, é castigo.
Quem sabe a insistência e teimosia do prefeito Aladim, única autoridade local que pode mudar esse quadro, resulte positivo e nos remeta ao dito popular conhecido por todos: ‘água mole, em pedra dura…’