Em um tempo em que o barulho parece dominar o mundo, há quem escolha sussurrar versos como forma de resistência. O grupo O Teatro Mágico é uma dessas raras exceções. Não é só uma banda. Também não é só um espetáculo. O Teatro Mágico é aquilo que a gente não sabe explicar, mas sente. Mistura de poesia falada, violão que conta histórias, figurinos que dançam e letras que abraçam. Um sarau itinerante, um picadeiro de sentimentos, um convite a escutar o mundo com o coração aberto.
Trata-se, em resumo – se é que é possível resumir essa arte sublime – de um coletivo que mistura música, poesia, teatro, circo e literatura, tecendo em suas apresentações uma experiência sensível que transcende o entretenimento. É arte para tocar a alma.
Desde que surgiu, lá nos anos 2000, sob o olhar sonhador de Fernando Anitelli, um dos seus fundadores, o grupo construiu seu caminho na base do afeto e da liberdade. Sem gravadora, sem grandes campanhas, só com talento. Conquistou uma legião de pessoas que também acreditam que arte se faz de dentro para fora.
Com figurinos coloridos, malabares e instrumentos acústicos, o Teatro Mágico convida o público a sonhar acordado. Seus shows não são apenas espetáculos, são rituais coletivos de encantamento, onde as palavras se vestem de melodia e os gestos se tornam poesia.
Em suas letras, o grupo aborda temas como desigualdade, liberdade, educação, amor, espiritualidade, pertencimento e resistência. E o faz de maneira sensível, com metáforas potentes e arranjos que mesclam MPB, folk, rock e elementos da música popular brasileira. São canções que se tornaram mantras urbanos, como “O Anjo Mais Velho”, “Mar e Ana” e “Nosso Pequeno Castelo”. Tudo ali pulsa humanidade. Cada música, uma fresta. Cada poema, um espelho. E a gente sai diferente, mais leve, mais vivo.
Mais do que música e poesia, os shows do Teatro Mágico são, acima de tudo, experiências sensoriais. Não há uma divisão entre palco e plateia. Há, sim, um espaço compartilhado onde artistas e público trocam energia, emoção e ideias.
São acrobacias áreas, magias etéreas de muito encanto, enquanto há canto de prosas e poesias – o que até me inspirou a rimar por aqui também. Não fosse o suficiente, há humor e palhaçada, quando atores de cara de pintada expõe toda a sua arte em forma de fazer rir.
Tive a oportunidade de ir a duas apresentações do grupo – inclusive, uma delas foi em nossa cidade e com entrada gratuita, no ano de 2022, quando se apresentaram na virada cultural. Ao lado de uma amiga querida, pude assistir um espetáculo de música e resistência, quando tive um reencontro com o circo. O Teatro Mágico é isso, um lembrete de que a arte ainda pode ser vivida, que o circo ainda pode caber no corpo de uma canção e que o mundo, apesar de tudo, ainda permite encantamento.
Eu, todos já sabem, prefiro viver assim, sei que sou mais feliz desta forma… com o coração aberto para o encanto que “O Teatro Mágico” é capaz de proporcionar. E parafraseando sua canção de maior sucesso, “só enquanto eu respirar” serei tocada por essa magia que só arte oferece. A você, caro leitor, desejo que também se permita sentir essa poesia viva.
E se não conhecer esse grupo, recomendo que ouça e, se possível assista esse espetáculo – depois você me agradece a indicação!
Drielli Paola – @drielli_paola. Servidora Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo. Bacharel em Direito, com pós-graduação e extensões universitárias na área jurídica. Entusiasta de psicologia, história, espiritualidade e causa animal. Apaixonada pela escrita.