“O essencial é invisível aos olhos.” (Antoine de Saint-Exupéry)
Nos últimos dias, os bebês reborn, bonecos que imitam recém-nascidos com perfeição têm ganhado destaque. Muitas pessoas os tratam como filhos: dão banho, trocam fraldas, passeiam com eles no carrinho e até os levam ao posto de saúde, ao shopping e a encontros de família. Há quem tente até registrar os bonecos ou pedir “guarda legal “é verdade esse bilhete kkk. Mas o que isso revela sobre nossos sentimentos e o mundo em que vivemos? Esse apego costuma ter fundo emocional.
Pode estar ligado à perda de um filho, à frustração por não conseguir engravidar, à solidão ou a relações afetivas difíceis. Nessas situações, cuidar de um reborn pode aliviar a dor e preencher um vazio.
Apesar disso, é importante lembrar que o boneco não substitui o afeto real nem os vínculos humanos. Ele pode ajudar por um tempo, mas não resolve a dor emocional profunda.
Por outro lado, os reborns também têm uso terapêutico. Já foram usados com bons resultados por mães enlutadas ou idosos com Alzheimer, ajudando na memória afetiva e no acolhimento. Nesses casos, o uso é válido e positivo. O alerta aparece quando a pessoa passa a viver em função do boneco, se isolando da vida real. Quando isso acontece, é importante buscar ajuda psicológica para entender o que está por trás desse vínculo e encontrar formas saudáveis de lidar com a dor.
Reflexão – Todos nós buscamos conforto quando a vida nos machuca. E é essencial respeitar quem encontra esse conforto em algo simbólico, como os bebês reborn. Mas também precisamos nos perguntar: estamos cuidando das nossas emoções de verdade?
Estamos investindo em relações reais, com gente de carne e osso, que nos ouve, nos abraça, nos desafia e nos ajuda a crescer? Em tempos de redes sociais, isolamento e tanto individualismo, os reborns nos fazem pensar sobre como estamos lidando com o afeto. O cuidado é uma atitude linda, mas precisa ser voltado para a vida, para o outro, para relações verdadeiras.
No teatro da vida, ser humano é sair de si, é olhar para o lado, é enxergar quem está perto. E você, já olhou para alguém hoje?
Raphael Blanes é Servidor Público Municipal, formado em Gestão em Saúde Pública, Técnico em Vigilância em Saúde com ênfase no Combate às Endemias, especialista em Gestão Hospitalar, graduando em Filosofia e Psicologia. Instagram: @raphaelblanes Email: blanes.med@gmail.com.