O assunto ganhou tons mais fortes e discussões mais acaloradas na Assembleia Legislativa de São Paulo no decorrer da semana, por conta de uma proposta de aumento salarial, de ‘módicos’ 600%, para os executivos da Sabesp, agora privatizada. Alguns deputados, que foram contra a entrega da empresa à iniciativa privada, culpam colegas que apoiaram o governador do Estado nessa operação.
Ao que parece, a grita desses deputados vai ficar restrita aos gabinetes do Palácio 9 de Julho, sede do parlamento estadual, porque uma vez privatizada, ninguém tem nada com as questões internas da companhia. Claro que, 600%, é algo absurdo e preocupante, pois sempre que reajustes ocorrem, em qualquer setor da economia, a conta sobra para o bolso do consumidor.
Ainda é cedo para qualquer análise mais detalhada sobre a entrega da Sabesp a uma empresa privada. É fato que nos últimos anos muita coisa melhorou no desempenho da companhia, e nesse pacote, os novos contratos com os municípios atendidos por ela, que aparentemente trazem vantagens às cidades.
Por outro lado, não se pode negar que a água está cara e em muitos lugares ainda nem chegou (em Mairiporã, ainda há bairros atendidos por caminhões-pipa) e, em outros, a água é barrenta.
Politicamente, a privatização da Sabesp ainda vai render acalorados debates, discussões intermináveis e explicações de ambos os lados. Até onde isso vai dar, ninguém sabe.
A empresa assumiu o compromisso de universalizar a água até 2029, com investimentos bilionários nos municípios atendidos.
Trazendo a questão da Sabesp para Mairiporã, no final do ano passado o prefeito Aladim intensificou negociações com a empresa visando soluções que levem à ampliação do abastecimento de água e do serviço de esgoto. Na oportunidade, o prefeito questionou a elaboração de um cronograma específico para a implantação de redes de extensão de água em diversos bairros, além de cobrar soluções mais ágeis e eficientes para a melhoria da infraestrutura de saneamento.
Se o aumento salarial dos executivos é assunto exclusivo da Sabesp, não se pode ignorar que 600% não só é estratosférico, como causa arrepios em quem paga a conta de água todos os meses.
O que cabe perguntar neste momento, é se de fato os deputados estão preocupados com os consumidores, ou se o assunto Sabesp ainda rende dividendos políticos.