Sua excelência, o vereador

Desde sempre, em qualquer município brasileiro, até aqueles nos cafundós, a figura do vereador se transforma na mais alta autoridade do País. E cada um dos eleitos se considera como tal, tamanha a importância que dão ao cargo e a si mesmos.
Politicamente, os partidos são meros adereços para os vereadores, e não importa se é de esquerda, de direita ou de centro. Na verdade, é etéreo.
Trazendo a conversa para o parlamento municipal de Mairiporã, o comportamento é idêntico ao encontrado em todas as câmaras municipais. Vereador é sinônimo inquestionável de máxima autoridade. Indistintamente todos se consideram assim.
A gestão atual (Prefeitura e Câmara), eleita no ano passado, parece que não vai trilhar o mesmo caminho. Se imaginou um espaço de tempo maior para os ânimos se acirrarem entre os poderes, porém, rapidamente, esse hiato está bem próximo do fim.
No início da legislatura propriamente dita, em fevereiro, já se cochichava pelos quatro cantos da cidade que a paz dificilmente resistiria seis meses. Os mais crédulos, disseram um ano, e os sonhadores, dois, diante da manifesta intenção de pelo menos cinco nomes em disputar o Palácio Tibiriçá em 2028. Está longe, mas a correria já teve início.
Algumas rusgas, ainda em fevereiro, surgiram, prenúncio de que qualquer expectativa de consenso entre Prefeitura e Câmara dificilmente resultará positivamente. Pelo menos, não em sua totalidade.
Na sessão ordinária de terça-feira ((18), a desavença entre inimagináveis dois grupos eclodiu diante de um documento emitido por uma unidade hospitalar, diante do comportamento de um vereador (a mais alta autoridade da Nação) quando presente na instituição, fazendo uso da famosa frase “sabe com quem está falando?”
E de volta a eles, os vereadores, difícil imaginar que vão deixar de lado o instituto do poder e substituí-lo pelo diálogo, sempre a melhor saída para qualquer questiúncula.
O barulho do andar de cima da Prefeitura não ficará resumido à sessão de terça-feira, principalmente pela criação de dois grupos que não se bicam e que querem se enfrentar nas urnas na próxima eleição municipal.
E nunca é demais lembrar uma frase de Victor Nascimento: “Enquanto confiarmos o poder nas mãos de quem não sabe o que fazer, continuaremos pagando o preço que a ignorância cobra, e ela cobra caro.”