No Dia Internacional da Mulher, em meio a tantas campanhas, discursos e homenagens, é fácil se perder no barulho, mas precisamos recordar o que realmente importa: a luta das mulheres é histórica, é contínua e não podemos esquecer de onde viemos e para onde queremos ir. Neste dia, mais uma vez, somos lembradas das conquistas e batalhas que moldaram o caminho que percorremos. E mais do que isso, somos lembradas do quanto ainda temos a conquistar. A desigualdade de gênero, o assédio, a insegurança, o desrespeito, a violência física, sexual e moral são questões que não podem ser apagadas com um simples “parabéns”.
Precisamos de ação, de mudança real. Contudo, hoje quero refletir sobre algo que à primeira vista pode não parecer tão agressivo, mas é tão perigoso quanto as questões já citadas. Hoje quero falar sobre a cobrança que é ser mulher, a coragem que isso requer e, sobretudo, o peso que carregamos.
Ser mulher não é fácil. Somos constantemente desafiadas, desde pequenas, a provar que somos capazes, que somos fortes, que merecemos o mesmo que os outros. Somos cobradas a ser perfeitas, a nos moldar aos padrões impostos pela sociedade, a fazer mais, a ser mais. Não importa o que conquistemos, sempre haverá algo mais a alcançar, algo mais a fazer. E, muitas vezes, esse peso parece esmagador.
A mulher, a acima de tudo, é cobrada para ser mãe. Mas não qualquer mãe, tem que ser a mãe perfeita! A mulher deve se anular, anular sua carreira, seus estudos e o que mais for necessário para exercer o papel que, segundo a grande massa, é aquele para o qual foi feita: a maternidade. E a responsabilidade na criação dos filhos é sempre mais pesada para a mulher.
Ao pai, na grande maioria das vezes, cabe o papel secundário e mais leve. Além disso, quando ele é ausente, ainda assim é a mulher culpada, com frases como “mas olha o pai que você escolheu para seu filho”. E se diante de tanta pressão optarmos por não termos filhos, somos taxadas de tristes, loucas ou más. Afinal, não se pode desviar do roteiro pré-estabelecido.
Depois disso, a mulher é cobrada a servir e ser linda. Tem que estar com comida feita e a cozinha limpa, mas os cabelos devem estar alinhados e as unhas bem-feitas. Tem que ser virgem (ou quase), mas precisa ser boa de cama. Tem que ter uma carreira estabelecida, mas a prioridade deve ser um bom casamento. A ideia de perfeição torna-se uma carga emocional pesada, pois a mulher passa a se sentir insuficiente, desqualificada ou incompleta se não alcance esses padrões inatingíveis. Mas, ao longo do tempo, aprendemos que podemos viver de forma autêntica, que não precisamos seguir os moldes de ninguém para sermos felizes, nisso o movimento feminista em muito contribui.
A luta pelo feminismo é também uma luta por liberdade, pela liberdade de sermos quem somos, sem medo de julgamentos ou expectativas externas. E isso não significa deixar de lado a nossa força ou a nossa sensibilidade, mas sim abraçar quem somos de forma plena, com coragem. Aliás, sobre o feminismo, importante pontuar que não é contraposto do machismo e tampouco busca a supremacia da mulher em relação ao homem, como alguns querem fazer crer, com intuito de demonizar e descreditar o movimento (isso é outra coisa, mas não feminismo).
O feminismo presa pela igualdade de gênero e pela liberdade. Não é apenas sobre mulheres. Ele é sobre todos nós. Porque, no final das contas, o que o feminismo busca é a construção de um mundo mais justo, onde todas as pessoas, independentemente de seu gênero, possam ser quem são, sem medo de repressão ou discriminação.
Sem me alongar mais por hoje, digo que prefiro viver assim, sei que sou mais feliz desta forma… com coragem diária para ser a mulher que eu quero ser e lutando o quanto for necessário para todas sejam livres. E a você, cara leitora, desejo que na vida você tenha coragem também, porque a verdadeira felicidade está na autenticidade, na confiança em nossas escolhas e na capacidade de viver com integridade, sem medo de ser quem somos.
Drielli Paola – @drielli_paola. Servidora Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo. Bacharel em Direito, com pós-graduação e extensões universitárias na área jurídica. Entusiasta de psicologia, história, espiritualidade e causa animal. Apaixonada pela escrita.